O open banking, definido como o compartilhamento de dados e serviços bancários entre as instituições financeiras, com a autorização dos seus clientes, será uma realidade no Brasil já no próximo ano, 2021.
Nesse artigo vamos falar sobre as movimentações dos players bancários para a adesão ao modelo, que está sendo estudado pelo Banco Central. Conheça o contexto de implementação do open banking e os desafios encontrados pelo caminho.
O projeto de implementação do open banking
Não é segredo que o Banco Central observa de perto as tendências em âmbito nacional e internacional, sendo o open banking uma das novas propostas para o sistema financeiro interno.
Em comunicado, a instituição informou estar acompanhando e estudando as inovações que acontecem no segmento financeiro. Em razão do seu potencial de impacto nos serviços e na concorrência, o open banking se tornou um tema de interesse.
A primeira fase da implementação do novo sistema está prevista para acontecer até o dia 30 de novembro de 2020. No entanto, existem muitos desafios que devem ser enfrentados e contornados pelos bancos para que o projeto se torne viável.
Desafios para a implementação do open banking
Apesar do seu grande potencial, melhorando os sistemas financeiros e garantindo maior eficiência – o que certamente melhorará a experiência dos clientes – o modelo open banking enfrenta alguns desafios iniciais.
1) Insfraestrutura precária
A rede de transmissão de dados brasileiras é deficiente, considerando-se que 70 milhões de pessoas não possuem acesso à internet ou possuem acesso precário. As desigualdades sociais no território nacional explicam essa carência.
Além disso, mais de 42 milhões de brasileiros nunca acessaram a rede mundial de computadores. São pessoas consideradas invisíveis do ponto de vista do avanço tecnológico.
Dessa forma, um dos primeiros passos para a implementação do open banking é a inclusão digital. Muitos consideram esse aspecto como determinante para o sucesso de um projeto de compartilhamento de dados.
2) Legislação open banking
Para que o open banking seja aplicado, é necessário que existam legislações específicas que regulamentem o modelo, o que ainda não existe no país. Com uma lei específica é possível estabelecer regras, padrões, procedimentos e condições gerais aplicáveis.
3) A preocupação com as fraudes
Com o avanço da tecnologia, cresce também a preocupação com fraudes cibernéticas. Os crimes cometidos dentro da internet estão experimentando aumento exponencial não apenas no Brasil, como no mundo todo.
Além do maior número de incidentes, é notável a sofisticação dos ataques, o que dificulta a ação dos órgãos responsáveis. De acordo com relatório da Norton Cyber Security, o Brasil foi o segundo país com mais casos de crimes cibernéticos em 2017.
Com os ataques, mais de 62 milhões de pessoas foram afetadas, gerando um prejuízo de 22 bilhões de dólares. O relatório também apontou que os smartphones é um dos fatores preponderantes para o aumento no número de ataques.
4) Fiscalização e regulamentação das fintechs
As startups financeiras, também conhecidas como fintechs, devem passar por um processo de fiscalização e regulamentação. Afinal de contas, o open banking pressupõe a transmissão de enormes quantidades de dados, entre essas instituições e os bancos.
Outros agentes, como as seguradoras e empresas de produtos e serviços também serão afetadas pela implementação. Para que o fluxo de dados seja seguro, faz-se necessário a compatibilidade das Interfaces de Programação de Aplicativos (API).
De acordo com o que determina a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), os dados pessoais financeiros devem ser protegidos, por se enquadrarem no conceito de dados pessoais.
Porém, uma parcela significativa das empresas está pendente de conformidade com a LGPD. Estima-se que 84% das empresas estão em descompasso com as novas regras de privacidade de dados.
Como as instituições estão reagindo ao desafio
Para que o open banking seja seguro e competitivo, envolvendo o maior número de players possível, algumas instituições estão lançando propostas. É o caso do Nubank, que divulgou em relatório um modelo com princípios básicos a serem considerados.
Esses princípios incluem a segurança das comunicações, o controle pelo usuário dos dados financeiros, a criação de APIs eficientes, integração entre serviços e flexibilidade criativa para os participantes do sistema, para a criação de produtos.
Já o Banco do Brasil, por exemplo, lançou uma plataforma de open banking desenvolvida em parceria com a fintech Conta Azul, especializada na gestão de contas para micro e pequenas empresas. Por meio de uma API, o cliente acessa a informação que deseja – e porque o banco a forneceu.
Para a B3, a bolsa de valores oficial do Brasil, o open banking também possibilitará que os investidores optem pela disponibilização de informações de seu portfólio de investimentos para terceiros e outras plataformas. A empresa já possui tecnologia e plataformas que permitem esse acesso de forma digital em ambiente seguro e de alta performance, porém deve sempre respeitar o ambiente legal no País.
Como é possível perceber, a implementação do open banking passa, necessariamente, pela superação de desafios internos, como a inclusão digital e a regulamentação jurídica do novo modelo.
Dessa forma, apesar das propostas e discussões a respeito do open banking, é possível imaginar um longo caminho a ser percorrido, até que todos os fatores estejam alinhados, para proporcionar um sistema íntegro e viável.
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