As fraudes de identidade no Brasil podem gerar diversos danos para as empresas. Atualmente os incidentes são cada vez mais frequentes e sofisticados, obrigando as organizações a tomarem medidas preventivas, visando reduzir os riscos.
Segundo relatório de Identidade Digital e Fraude 2025 da Serasa Experian, 51% das pessoas entrevistadas afirmaram já ter sido vítima de fraudes e a grande maioria (86%) atribui às empresas a responsabilidade em adotar medidas de segurança para evitar as fraudes de identidade.
Acompanhe neste artigo mais sobre a fraude de identidade e seu avanço no Brasil.
O que é a fraude de identidade?
O conceito de fraude é amplo, designando a prática criminosa com o objetivo de se obter alguma vantagem ilícita. Assim, as fraudes de identidade são aquelas que se utilizam de identidades roubadas para cometer crimes.
Em um primeiro momento, a pessoa ou instituição maliciosa realiza o roubo de identidade, acessando informações pessoais de terceiros. Podem ser roubados o CPF, o RG, a carteira de motorista, dados bancários e muitos outros.
A fraude de identidade acontece em um segundo momento, com o uso das informações que foram roubadas. Em outras palavras, significa se fazer passar por outra pessoa, com o objetivo de conseguir vantagens, como financiamentos e empréstimos.
Um dos grandes desafios envolvendo esse tipo de fraude é a dificuldade para a sua identificação. Por se tratar de uma ação silenciosa, muitas pessoas que têm seus dados roubados não se dão conta de que estão sendo vítimas.
Geralmente a descoberta acontece quando a vítima procura instituições financeiras, solicitando crédito, financiamento e outros produtos. Nesse momento, muitos são informados de que já possuem contratos, dando início a uma luta burocrática.
As fraudes de identidade no país: dados estatísticos
A fraude de identidade está entre as preocupações dos brasileiros, que temem serem vítimas. É o que aponta o relatório de Identidade e Fraude 2025 da Serasa Experian, onde a segurança foi citada por 91% dos entrevistados como o atributo mais importante em operações online.
Apesar disso, muitos não entendem os verdadeiros riscos que essa prática implica, o que significa que falta informação e segurança.
Agora, o aumento da demanda digital, acentuada pela pandemia, reforçou a profunda conexão entre reconhecimento, prevenção a fraudes e a experiência do cliente online.
Incidência de fraudes de identidade no Brasil
Segundo relatório da Serasa Experian, o brasileiro sofre uma tentativa de fraude ou golpe financeiro a cada 2,8 segundos. Mais da metade dos brasileiros entrevistados (60%) já sofreram algum tipo de fraude em 2023 ou em anos anteriores.
Ainda conforme o levantamento do Experian, 51% dos brasileiros sofreram fraudes em 2024. O resultado do ano representou um aumento de 9,4% nas tentativas de fraude, alcançando mais de 11,5 milhões de registros. Dos entrevistados que sofreram com golpes e fraudes em 2024, 54,2% deles obtiveram perdas financeiras, sendo que desse índice, 52% perderam até R$500 e 20% obtiveram prejuízos entre R$1.000 e R$5.000.
Caio Rocha, Diretor de Autenticação e Prevenção à Fraude da Serasa, atribui o aumento da incidência de fraudes de identidade no Brasil à sofisticação dos golpes, assim como a necessidade de investimentos constantes em medidas de prevenção.
De acordo com a edição 2025 do Mapa da Fraude da ClearSale, no último ano, foram registrados cerca de 2,8 milhões de tentativas de fraudes no Brasil, o que poderia ter gerado um prejuízo superior a R$3 bilhões. Apenas em fevereiro de 2025, já foram registradas 169,6 mil tentativas de fraudes.
Tipos de fraude
Segundo relatório da Serasa Experian, entre os tipos mais recorrentes de fraudes, está o uso indevido do cartão de crédito (48%), apresentando um aumento expressivo de 9 pontos percentuais em relação ao ano de 2023.
Também se destacam entre as fraudes de identidade no Brasil os golpes envolvendo boletos falsos ou PIX com (33%), phishing (22%), acesso indevido a contas bancárias (19%) e vazamento de dados na internet (13%).
Em contrapartida, o uso de deepfake, um tipo de fraude que usa tecnologias baseadas em IA para sobrepor rostos e vozes em vídeos visando assumir outras identidades e invadir contas, sofreu uma queda nos últimos anos, passando de 9% em 2023, para 3,8% em 2024. Parte disso se deve, principalmente a crescente integração de recursos avançados de autenticação de dados nas empresas, como biometria facial, por exemplo.
Meios de pagamento mais fraudados
Ainda conforme o Mapa de Fraude da ClearSale, o cartão de crédito segue como um dos principais meios de pagamento que sofre tentativas de fraude. Em 2024, foram 2,7 milhões de tentativas de golpes envolvendo essa modalidade de pagamento, seguido por pagamentos com vale (41,5 mil) e financiamentos (9,1 mil).
Apesar disso, o cartão de crédito se mantém como o meio preferido dos brasileiros, sendo citada por 84% dos entrevistados no relatório da Serasa Experian como o meio mais utilizado, representando um aumento de 5 pontos percentuais em relação a 2024. Além disso, 60% dos brasileiros também consideram essa a modalidade de pagamento mais segura.
Por outro lado, o PIX foi citado por 60% dos entrevistados como o meio utilizado em transações online e 22% o consideram mais seguro que outras modalidades de pagamento. Isso representou, respectivamente, uma queda de 9 p.p. e 10 p.p. em relação ao último ano.
“A queda na percepção de segurança do Pix não é por acaso, já que o sistema de pagamentos instantâneos tem sido amplamente explorado por criminosos para potencializar os golpes. As novas medidas de segurança estabelecidas pelo Banco Central na Resolução BCB nº 403/2024, com foco nos dispositivos de acesso, são uma resposta direta ao aumento das fraudes”, diz, em nota, o diretor de Autenticação e Prevenção à Fraude da Serasa Experian, Caio Rocha.
Gerações e gêneros mais impactados pelas fraudes
As fraudes de identidade no Brasil atingem todas as gerações, em especial a geração Z, acometendo 2,2% desse público conforme aponta o Mapa de Fraude da Clear Sale. Ainda segundo esse levantamento, há uma prevalência maior de fraudes envolvendo homens (1,7%) do que em relação as mulheres (0,9%).
No relatório da Experian, essa proporção já aparece de forma consistente entre os gêneros. Do total de entrevistados, cerca de 52,5% dos homens e 49,3% das mulheres afirmaram ter sofrido algum tipo de fralde em 2024.
Além disso, os golpes e fraudes costumam atingir todas as idades, com especial foco nos consumidores acima dos 50 anos. Ainda conforme estudo do Serasa, 57,8% desse público afirmou ter sofrido golpe no último ano.
Fraudes em datas comemorativas
Um dado relevante descoberto sobre as fraudes de identidade no Brasil diz a respeito as datas comemorativas. Segundo o Mapa de Fraude, o Dia do Consumidor foi considerada a data comemorativa com a maior porcentagem de tentativas de golpe no ano (1,5%). Outras datas em que as tentativas de golpe também são altas, incluem:
- Dia das Mães;
- Dia dos Namorados;
- Dia dos Pais;
- Dia das Crianças;
- Black Friday;
- Cyber Monday;
- Natal.
Plataformas mais utilizadas pelos fraudadores
Outro ponto de destaque no Mapa de Fraude da Clear Sale se refere aos canais onde as fraudes de identidade no Brasil ocorrem com maior frequência.
Entre as plataformas online disponíveis, o estudo citou os canais do Telegram, Grupos do Facebook e de Whatsapp como os meios mais utilizados pelos golpistas para roubar dados sensíveis, invadir contas bancárias, realizar vendas usando CNPJs ilegais e cometer outros crimes na internet.
Métodos de identificação
No relatório da Serasa Experian, uma das descobertas mais significativas foi o aumento do conforto e preferência que os consumidores têm por métodos de segurança físicos e baseados em comportamento – ou invisíveis. Os consumidores classificaram os seguintes métodos mais seguros com base em sua segurança percebida:
1) 72% dos consumidores disseram biometria física: principalmente aplicável a dispositivos móveis e inclui reconhecimento facial e impressões digitais;
2) 50% dos consumidores disseram códigos PIN enviados para dispositivos móveis: requer o uso de dois dispositivos conectados à conta do usuário;
3) 34% dos consumidores disseram análise comportamental: aproveita os sinais observados passivamente em navegadores e dispositivos móveis, sem exigir esforço do consumidor.
“Quanto mais robusto for o processo de autenticação, menores são as chances de sucesso dos criminosos. Com o avanço de golpes sofisticados, como deepfakes e fraudes impulsionadas por inteligência artificial, é importante considerar a adoção de tecnologias que sejam aprimoradas constantemente, além de uma estratégia de prevenção à fraude em camadas, combinando diferentes tecnologias para reforçar a segurança e fortalecer a confiança nos serviços digitais”, diz, em nota, o diretor de Autenticação e Prevenção à Fraude da Serasa Experian, Caio Rocha.
Quando se trata de prevenção a fraudes, as empresas continuam investindo na proteção das experiências online. Esta é uma tendência positiva, especialmente considerando que prevemos um aumento significativo de ataques fraudulentos no curto prazo.
Além disso, 69% dos consumidores consideram importante ou muito importantes que as empresas sejam capazes de identificá-las com precisão, sendo que a expectativa de 86% deles é que as empresas adotem medidas de segurança para garantir sua proteção.
As fraudes de identidade e a tecnologia
Com o avanço da tecnologia, as fraudes de identidade estão se tornando mais sofisticadas. Até mesmo os nativos digitais, que estão naturalmente mais preparados para o mundo conectado, podem ser vítimas de ações criminosas.
Estão surgindo novas modalidades de fraudes, que exigem respostas mais rápidas e modernas por parte das organizações. Exemplo disso é a criação da chamada identidade sintética, a partir de informações verdadeiras e falsas.
Agora os criminosos podem criar uma identidade falsa com velocidade, aplicando alguns dados reais obtidos das vítimas. O nome e o número do RG, por exemplo, podem ser suficientes para uma fraude completa, embora a adoção da nova Carteira de Identidade Nacional (CIN) tenha se mostrado eficiente na redução do risco de fraudes de identidade no Brasil. Segundo dados da Serasa Experian, em outubro de 2024, das mais de 2,8 milhões de transações financeiras que usaram a CIN, somente 0,2% apresentam sinais de fraude, um percentual consideravelmente baixo em comparação a outros documentos de identificação.
Confira alguns dados de como as empresas brasileiras estão aprimorando a jornada digital do consumidor:
- 72% estão priorizando a integração entre operações digitais e prevenção de fraudes para restabelecer a confiança do consumidor;
- 48% estão planejando e investindo em estratégias para aperfeiçoar sua análise de risco de conta e identidade do beneficiário.
Embora a tecnologia possa ajudar a melhorar a segurança online, a pesquisa destaca a importância para os consumidores de se manter um atendimento ao cliente com interação humana para problemas mais complexos. Ou seja, equilibrar um toque humano com a facilidade da automação continua sendo um componente essencial para conquistar a confiança do consumidor.
Ainda segundo essa mesma pesquisa, “a prevenção a fraudes continua sendo uma preocupação e uma prioridade e as empresas buscam aumentar o investimento em softwares e outros métodos de detecção.”. As empresas enfrentam uma luta para focar seus esforços digitais – todos parecem importantes – e isso cria desafios organizacionais. Por isso, muitas estão recorrendo à terceirização para reforçar seus recursos digitais e no Brasil os principais recursos digitais terceirizados são as ferramentas avançadas com inteligência artificial e machine learning que podem resultar em melhores decisões sobre riscos ao longo da jornada do cliente, com 66% delas considerando como prioridade o investimento em software e métodos para detecção de fraudes, seguido por 60% que consideram investir em advanced analytics e Inteligência Artificial.
Como as empresas podem lidar com as fraudes de identidade
Para lidar com as fraudes e garantir a conformidade com os processos as empresas devem verificar seus clientes e adotar práticas e estratégias para tal, como por exemplo o KYC e a Prevenção à Lavagem de Dinheiro. Técnicas e métodos devem ser aplicados no sentido de confirmar a identidade que é apresentada. Para reduzir ao máximo o risco de fraudes de identidade, é importante usar a tecnologia a seu favor
O Riskcenter 360, por exemplo, é uma plataforma robusta, segura e versátil da Evertec + Sinqia proporciona uma visão completa dos riscos de fraudes ao integrar diferentes canais de pagamento simultaneamente. Outra solução é o onboarding digital, que utiliza OCR e machine learning para verificar a autenticidade de identidades e validar novos usuários de forma rápida e segura.
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A cada dia que passa mais credenciais e dados vão sendo convertidos em formatos digitais para que as pessoas possam usar em diversos contextos, mas embora os dados pertençam aos usuários, nem sempre eles estão sob o seu total controle. Isso coloca em xeque a privacidade e segurança dessas informações em sistemas online, aumentando exponencialmente os riscos de violação desses dados.
Nesse contexto, o modelo de identidade digital descentralizada, ou DID, que é baseada na tecnologia blockchain, pode ser uma solução.
Por fim, numa época em que a segurança é cada vez mais vista como prioridade, a confiança do cliente, sua retenção e o crescimento das empresas andam de mãos dadas. Sua empresa está preparada? Conte aqui nos comentários.
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