O Febraban Tech se consolidou como o maior ambiente de debate sobre inovação, regulação e negócios no setor financeiro do Brasil. Em um contexto marcado por profundas transformações tecnológicas e por um cliente mais exigente, o evento mostra como bancos, fintechs, reguladores e empresas de tecnologia estão desenhando o futuro de um ecossistema financeiro mais aberto, conectado, seguro e centrado em dados.
Neste ano não foi diferente: o evento reuniu milhares de profissionais e lideranças do mercado para discutir caminhos e soluções que vão além do discurso, com foco na prática e na geração de valor. Reunimos os principais aprendizados e tendências apontados no evento, com foco no impacto concreto para empresas que operam ou desenvolvem soluções no setor.
Open Finance
O ecossistema financeiro aberto no Brasil atingiu um novo patamar de maturidade e já funciona como infraestrutura central para a criação de soluções inovadoras. A adesão crescente ao compartilhamento de dados, com 46,8 milhões de consentimentos ativos como transmissores e 36,7 milhões como receptores, segundo a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025, realizada pela Deloitte, comprova que os consumidores passaram a enxergar valor real na troca de informações por serviços mais personalizados e experiências digitais superiores.
Além de abrir espaço para a criação de novos produtos, o Open Finance está redefinindo a estratégia de bancos e fintechs, que precisam ser capazes de consumir, integrar e ativar esses dados em tempo real. O avanço dos agregadores financeiros (presentes hoje em 50% das instituições, contra 38% no ano anterior, segundo a pesquisa) mostra a aceleração dessa centralização da vida financeira em plataformas que entregam maior conveniência e controle ao cliente.
Impacto no mercado: empresas que desenvolvem soluções para gestão e análise de dados, consentimento e agregação financeira passam a ser peças-chave na nova arquitetura bancária.
Pix 2.0 e Drex
O sistema de pagamento instantâneo brasileiro evoluiu muito além da proposta inicial. O Pix se consolidou como um ecossistema completo de transações, com funcionalidades como Pix Garantido, Pix Parcelado, Pix Automático e pagamentos por aproximação, que ampliam seu potencial para substituir cartões e boletos. Ao mesmo tempo, o sistema começa a se firmar como base para a infraestrutura do crédito digital no país. Em 2024, o Pix via dispositivos móveis alcançou quase 25 bilhões de operações, um crescimento de 41% em relação ao ano anterior, segundo a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025.
Já o Drex representa um marco na adoção da tecnologia DLT (Distributed Ledger Technology) no setor financeiro. Com foco na tokenização de ativos, automação de garantias e uso de smart contracts, o Drex promete simplificar processos, reduzir custos de intermediação e acelerar o ciclo de concessão de crédito, reforçando a agenda de modernização do crédito no Brasil.
Impacto no mercado: o cenário exige das instituições a revisão de seus processos de crédito e cobrança e abre oportunidades para desenvolvimento de soluções que suportem tokenização, smart contracts e gestão automatizada de garantias.
Inclusão financeira
Por décadas, o acesso ao sistema financeiro foi um dos grandes desafios estruturais do Brasil. Esse cenário começou a se transformar com o fortalecimento dos canais digitais e o crescimento acelerado do mobile banking. Em 2024, segundo a pesquisa da Febraban, das mais de 208 bilhões de transações realizadas, 75% ocorreram via dispositivos móveis, um avanço de 15% em relação ao ano anterior. Além disso, quase 48% das contas abertas no período foram feitas por meios digitais, ampliando o alcance dos serviços bancários e conectando populações antes desatendidas.
Mais do que acesso, esse movimento tem provocado mudanças no comportamento dos clientes. Hoje, 78% dos usuários ativos são considerados heavy users de mobile banking, com mais de 80% das suas transações realizadas pelo canal, de acordo com a pesquisa. O celular se consolida como principal ponto de contato entre clientes e instituições financeiras.
Impacto no mercado: o contexto atual reforça a necessidade de soluções que acelerem a penetração digital, simplifiquem o onboarding e entreguem experiência fluida sem renunciar à segurança. O momento é de criar produtos pensados para os novos perfis digitais, com foco em personalização, inclusão e acessibilidade.
IA Generativa
A inteligência artificial generativa foi uma das grandes protagonistas do evento, apresentando aplicações que vão desde a automação de atendimento em linguagem natural até a análise automatizada de contratos, geração de relatórios financeiros e insights regulatórios.
Nesse contexto, durante o evento, a Evertec + Sinqia destacou sua estratégia “IA First”, com um investimento de R$ 30 milhões em pesquisa e desenvolvimento para integrar soluções de IA generativa em suas operações. Essa aposta tem reduzido prazos de desenvolvimento e ampliado a eficiência em áreas como atendimento, onboarding e integração com fundos.
Por outro lado, o ritmo acelerado do avanço dessas tecnologias trouxe à tona questões importantes relacionadas à ética, transparência e governança algorítmica. No setor financeiro, que lida com dados altamente sensíveis e decisões que afetam diretamente a vida dos clientes, a pressão para adotar padrões rigorosos de controle e explicabilidade nos modelos de IA só aumenta.
Impacto no mercado: fornecedores de soluções baseadas em IA para o mercado financeiro precisam focar em frameworks de governança e conformidade com as melhores práticas de privacidade e regulamentação, garantindo segurança, confiança e transparência aos seus clientes.
Cibersegurança
Mais do que um tema restrito às áreas técnicas, a segurança digital se tornou um componente estratégico e um diferencial competitivo. Com o crescimento do Open Finance, do Pix, e a adoção massiva do mobile banking, os riscos cibernéticos aumentam significativamente, tornando a confiança digital tão crucial quanto a solidez financeira das instituições.
No evento, foi reforçada a importância do conceito security by design: a proteção deve ser incorporada desde o planejamento das soluções, com protocolos interoperáveis e inteligência avançada para prevenção e resposta a incidentes.
Impacto no mercado: cresce a demanda por soluções que conciliem proteção resistente com alta performance, garantindo conformidade em ecossistemas abertos e dinâmicos e aliada à experiência dos clientes.
Fintechzação e ecossistemas híbridos
O Febraban Tech 2025 deixou claro que a colaboração entre bancos tradicionais e fintechs não é mais uma tendência, mas uma realidade consolidada que está moldando o futuro do mercado financeiro. Modelos como Banking as a Service (BaaS), Embedded Finance e White Label ganham força ao acelerar o desenvolvimento de novos produtos e facilitar a integração de serviços financeiros em diferentes etapas da jornada do consumidor.
Esse movimento representa uma transformação profunda, onde a linha entre instituições financeiras e empresas de tecnologia se torna cada vez mais tênue. A fintechzação está impulsionando a criação de ecossistemas híbridos, que combinam a experiência dos bancos com a agilidade e inovação das fintechs.
Impacto no mercado: o futuro será dos ecossistemas híbridos, e empresas de tecnologia devem estar prontas para prover soluções modulares, com APIs abertas e capacidade de integração ágil.
Beyond Banking
Os bancos estão evoluindo para se posicionar como plataformas integradas, oferecendo aos clientes não apenas serviços financeiros tradicionais, mas um portfólio completo que inclui seguros, programas de fidelidade, marketplaces e serviços de conveniência. Em 2024, mais de 7,4 milhões de clientes realizaram transações em marketplaces bancários, enquanto a contratação digital de seguros ultrapassou 78 milhões de novos produtos, um crescimento de 14% em relação ao ano anterior, segundo a pesquisa realizada pela Deloitte.
Essa expansão vai além da simples oferta de produtos: é sobre orquestrar uma experiência fluida e personalizada, conectando diferentes parceiros e soluções dentro de um ecossistema único.
Impacto no mercado: há espaço para soluções de integração de parceiros, orquestração de ofertas e análise preditiva para personalização em escala.
Conectividade e IoT
O avanço da Internet das Coisas (IoT), combinado com POS conectados, ATMs inteligentes e integração com dispositivos pessoais, está revolucionando o setor financeiro. Essa conectividade permite interações cada vez mais responsivas e contextualizadas, que vão desde notificações automáticas até a detecção de riscos em tempo real e ofertas personalizadas baseadas na localização do cliente.
Essa transformação abre caminho para uma experiência financeira mais dinâmica, onde cada ponto de contato é uma oportunidade para engajamento e segurança reforçada.
Impacto no mercado: exige das empresas soluções capazes de processar grandes volumes de dados em tempo real, com baixa latência e alto nível de segurança.
Conclusão
O Febraban Tech 2025 deixou claro: o futuro do sistema financeiro brasileiro será definido pela capacidade de colaboração entre instituições, adoção tecnológica responsável e foco no cliente em um ambiente regulatório e ético.
A Evertec + Sinqia esteve presente no evento e segue acompanhando as principais tendências para oferecer soluções robustas e inovadoras ao mercado financeiro.
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