Não precisamos voltar muito no tempo para lembrar de quando era comum ir até uma agência bancária para realizar pagamentos e transferências ou contratar produtos e serviços financeiros. Embora essa opção ainda esteja disponível e algumas pessoas prefiram o atendimento presencial, é inegável o impacto dos avanços tecnológicos no setor financeiro e como eles transformaram profundamente nossas vidas. Hoje, com um único aplicativo, é possível gerenciar toda a sua vida financeira: solicitar um empréstimo, transferir dinheiro para um parente no exterior, pagar contas com o Pix, entrar em contato com um atendente e muito mais. Acredito que essa revolução digital que estamos vivendo está apenas começando. A tecnologia continuará a transformar não apenas a forma como vivemos e nos relacionamos, mas também, e principalmente, como consumimos.
Um reflexo desse processo de digitalização acelerado é a maior procura das instituições financeiras por tecnologias que ajudem a tornar os seus canais digitais mais ágeis e seguros para atender um público crescente, diverso e exigente. Segundo a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024, realizada pela consultoria Deloitte, o orçamento total dos bancos brasileiros destinados à tecnologia, englobando investimentos e despesas, foi de mais de R$ 47 bilhões. A pesquisa ainda mostra que os bancos dobraram seus investimentos anuais em tecnologia nos últimos oito anos, passando de R$ 19 bilhões, em 2015, para R$ 39 bilhões, em 2023.
Outro recorte importante que o estudo apresenta, e que consolida a tendência de digitalização do setor, são os temas mais prioritários na agenda de transformação digital em 2024: experiência do cliente (83%), inovações tecnológicas (71%), personalização de produtos e serviços (63%), segurança e privacidade de ponta (58%), responsabilidade social e sustentabilidade (54%) e ofertas integradas de ecossistema (54%).
Para tornar esse processo mais ágil e fluido, bancos e instituições financeiras tiveram que reestruturar seus produtos e serviços, e acelerar a transferência de seus processos para o digital. Na esteira dessas mudanças, alguns fenômenos foram se estabelecendo. O Open Finance foi um deles, que surgiu para integrar ainda mais as soluções de pagamento, trazendo mais transparência e controle ao consumidor sobre suas informações e, ao mesmo tempo, estimulando a competitividade e um melhor atendimento por parte das empresas. Outros avanços no setor, como a criação do Pix, a tokenização de ativos, a implementação ativa de soluções de IA, Big Data e IoT (Internet das Coisas, em português) para agilizar e personalizar o atendimento, também entraram em evidência.
Assim como o Pix, que se popularizou rapidamente, acredito que as próximas tendências de tecnologia no setor financeiro têm como foco oferecer mais conveniência e praticidade para o dia a dia dos consumidores. Destaco aqui o Open Finance, sistema que permite que consumidores compartilhem dados financeiros entre diferentes instituições a fim de promover serviços mais personalizados e competitivos; o Pagamento por Aproximação (contactless), permitindo que pagamentos sejam realizados sem a necessidade do cartão bancário, muitas vezes feitos via celular e relógios inteligentes; as Carteiras Digitais, que facilitam os pagamentos de forma rápida e segura via aplicativos, como Google Pay, Apple Pay e Samsung Pay; Criptomoedas e Blockchain, embora em fase inicial, o uso de criptomoedas e tecnologias de blockchain está em crescimento, especialmente para transações internacionais; e, por fim, acredito muito que os investimentos feitos em Inteligência Artificial devem crescer exponencialmente em 2025 – já que essa é uma tecnologia que se provou extremamente essencial, sobretudo para automatizar processos bancários com o objetivo de melhorar a eficiência operacional e a satisfação dos clientes.
O Brasil se tornou uma das referências mundiais em inovação financeira, especialmente com a implementação do Pix, que se tornou um case de sucesso e um modelo para outros países da América Latina. Acredito que o Pix é um ótimo exemplo da capacidade do nosso país de liderar soluções e propor novos modelos. Importante ressaltar que também estamos muito avançados no Open Finance e no uso de Inteligência Artificial e Blockchain para melhorar a eficiência e segurança das transações financeiras.
Mas, como a inovação deve ser sempre contínua, acredito que devemos observar com atenção o que outros países têm feito na seara de tecnologia para nos inspirar e aperfeiçoar os nossos sistemas. Como exemplo, destaco o Open Finance no Reino Unido, que é um exemplo de como a regulamentação pode incentivar a inovação e a competitividade no setor financeiro. Ainda na Europa, outro case de sucesso é a ampla disseminação do pagamento por aproximação em atividades do dia a dia, como pagar um ônibus ou metrô. Essa iniciativa reforça como conveniência e segurança são aliadas para impulsionar novas tecnologias.
Em 2025, acredito que veremos avanços significativos no Drex, especialmente após duas etapas de testes, com a expansão de funcionalidades que o integrarão ainda mais ao ecossistema de pagamentos digitais. Essa evolução deve agregar maior segurança e agilidade às transações, graças ao uso da tecnologia Blockchain, que ajuda a mitigar eventuais fraudes. Outra tendência promissora é o fortalecimento de novas funcionalidades no Pix, com destaque para o Pix a Crédito, uma inovação que permite pagamentos imediatos com a possibilidade de parcelamento das compras (sujeito a juros). Embora essa funcionalidade ainda não esteja disponível em todas as instituições financeiras, acredito que ela tem um enorme potencial para se popularizar no próximo ano.
O Brasil vem se consolidando como um player cada vez mais relevante no setor de tecnologia e inovação, e estou confiante de que 2025 trará ainda mais cases e histórias de sucesso para celebrarmos.