A discussão sobre a regulação CBDC Brasil e na América Latina vem ganhando força no cenário financeiro digital. Esse é um tema que já ocupa espaço estratégico na agenda de governos, bancos e empresas do setor, especialmente devido aos avanços do real digital (Drex) e das stablecoins, que estão moldando o ecossistema monetário, tornando-o mais digital, inclusivo e também desafiador do ponto de vista regulatório.
No Brasil, algumas propostas regulatórias, como o Projeto de Lei 4308/2024 e a Consulta Pública 111/2024, evidenciam como o país está se posicionando na linha de frente dessa transformação. Contudo, esse é um assunto que ainda levanta muitas dúvidas.
Afinal, o que são CBDCs e stablecoins? Como está a regulação de CBDC Brasil e na América Latina? Quais são os benefícios e desafios dessas inovações e como as diferentes abordagens regulatórias da América Latina podem impactar o futuro dos pagamentos digitais no Brasil? Continue a leitura e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
O que são CBDCs e stablecoins?
As CBDCs correspondem a versões digitais da moeda oficial de um país, como é o caso do real digital (Drex), ainda em desenvolvimento no Brasil.
Essas moedas digitais são emitidas e controladas pelo Banco Central. Ou seja, ao contrário das criptomoedas descentralizadas, as CBDCs são lastreadas e reguladas pelo Governo, o que confere estabilidade e segurança para o sistema financeiro.
As stablecoins, por sua vez, são moedas digitais privadas, normalmente atreladas a um ativo de referência ou a moedas fiduciárias, como o dólar ou o real, por exemplo.
Desenvolvidas geralmente por empresas privadas, essas moedas surgiram com o objetivo de diminuir a volatilidade das criptomoedas. Contudo, a operação das stablecoins em redes privadas ainda envolve algumas questões centrais, como riscos regulatórios, evasão de capitais e a segurança para os consumidores.
Benefícios e desafios das CBDCs e stablecoins
As stablecoins e moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) estão remodelando o ecossistema financeiro global ao oferecer maior agilidade e custos reduzidos às transações financeiras. Além disso, operar com essas tecnologias também garante:
- Eficiência nas transações, com transferências instantâneas e rastreáveis;
- Inclusão financeira, ao ampliar o acesso de pessoas desbancarizadas ao sistema financeiro;
- Maior segurança, fortalecendo o combate à lavagem de dinheiro;
- Inovação no ecossistema financeiro.
Em contrapartida, suas naturezas geram desafios relevantes, como questões de privacidade, volatilidade, interoperabilidade entre sistemas e evasão regulatória. Desse modo, o sucesso das CBDCs e stablecoins no futuro digital das finanças dependerá diretamente do equilíbrio entre inovação, transparência e regulação.
CBDC Brasil: o avanço do Drex e o papel do Banco Central
O real digital, conhecido como Drex, é o projeto de CBDC Brasil que promete impactar o sistema financeiro nacional. Essa versão digital do real é uma iniciativa liderada pelo Banco Central que busca modernizar as operações financeiras, criando uma infraestrutura que ofereça praticidade, segurança e inovação nas transações entre bancos, fintechs e usuários.
Mais do que apenas uma versão digital da moeda local, o Drex irá viabilizar operações programáveis, integração com carteiras digitais e contratos inteligentes, abrindo margem para o surgimento de novos modelos de negócio e maior eficiência nas transações financeiras.
No entanto, seu avanço faz surgir alguns debates, especialmente em torno da privacidade no uso das CBDCs. Garantir a proteção das informações dos usuários à medida em que se combate fraudes e lavagem de dinheiro ainda é um ponto que desafia as instituições no setor.
Nesse contexto, o Banco Central, principal entidade reguladora e responsável por garantir a estabilidade do Drex, vem implementando mecanismos criptográficos, normas regulatórias e padrões de segurança que permitam equilibrar anonimato e rastreabilidade para que a CBDC Brasil consiga operar de forma segura e transparente no sistema financeiro atual.
Projeto de Lei 4308/2024 e a regulação das stablecoins
Existem no Brasil algumas iniciativas voltadas para regulação no uso das moedas digitais e stablecoins. É o caso do Projeto de Lei n°4308/2024, que visa disciplinar o mercado de stablecoins, exigindo lastro, obrigações fiduciárias das emissoras, bem como mecanismos de transparência e práticas rigorosas de segurança digital para operar com essa moeda digital no país. Atualmente, o Projeto de Lei está em tramitação na Câmara dos Deputados.
Em paralelo, o Bacen abriu a Consulta Pública nº 111/2024, propondo mudanças regulatórias para inclusão de serviços de ativos virtuais no mercado de câmbio. A ideia com essa medida é viabilizar a integração das stablecoins ao cenário financeiro nacional, com regras prudenciais e de custódia, garantindo operações seguras e estáveis.
Regulamento de CBDC na América Latina: o que outros países estão fazendo
As iniciativas para implementação e regulação das CBDCs não se limitam apenas ao Brasil. Outros países da América Latina também estão dando passos importantes nessa direção.
Nações como México, Colômbia e Argentina já consideram a implementação desse tipo de ativo em sua política monetária. O México planeja lançar sua CBDC até 2026, enquanto a Colômbia avança em seus estudos para adoção de um modelo híbrido que combine transparência pública e inovação privada. No Chile, estão sendo feitos testes controlados para compreender o impacto das CBDCs sobre o sistema bancário local.
Na maioria dos países, as etapas de pesquisa e desenvolvimento desses ativos ainda estão em estágios preliminares. Porém, em regiões como as Bahamas, já houve o lançamento público da sua CBDC, o “Sand Dollar”, em outubro de 2020.
O que esperar do futuro
O futuro das CBDCs e stablecoins aponta para um cenário de integração gradual desses ativos digitais no sistema financeiro global, tendo o CBDC Brasil como protagonista dessa transformação na América Latina.
Nos próximos anos, será essencial que bancos, fintechs e demais instituições financeiras monitorem de perto os avanços do Drex e do PL 4308/2024, bem como potenciais alinhamentos com padrões internacionais. Assim, será possível adaptar processos e adequar-se às normas visando equilibrar inovação tecnológica, privacidade e segurança, consolidando as CBDCs e stablecoins como pilares da economia digital.
