Por Jose Luis Portilla, VP Finance & Latam Controller da Evertec.
No Chile, o uso de meios de pagamento digitais já faz parte do dia a dia: mais de 80% das transações presenciais são realizadas com cartões e tecnologias por aproximação, enquanto o comércio eletrônico alcançou US$11,5 bilhões em 2024.
Em grandes cidades como Santiago, Valparaíso e Concepción, os meios de pagamento online são essenciais para o comércio: basta um celular para pagar o café, recarregar o saldo do cartão Bip ou dividir a conta em um restaurante. Todo esse processo acontece de forma natural, rápida e segura. Mas, basta se afastar alguns quilômetros da capital para que o cenário mude.
Em muitas localidades rurais e cidades intermediárias, o dinheiro em espécie ainda é o rei. E isso não é apenas uma questão de hábito, mas uma realidade concreta: problemas de conectividade nas redes móveis, falta de infraestrutura e, em alguns casos, desconfiança nos pagamentos digitais. Para certas gerações, uma cédula que pode ser tocada ainda transmite mais segurança do que uma transação invisível feita por celular ou cartão. Então, será realmente possível que o dinheiro em espécie desapareça antes de 2030?
Nesse contexto, a desigualdade é evidente, e o grande desafio é garantir que a transição para os pagamentos digitais seja verdadeiramente inclusiva. Que nenhum chileno ou chilena fique para trás por falta de cobertura móvel, por questões econômicas ou pela idade. Porque, se há algo evidente, é que a tecnologia avança muito mais rápido do que a inclusão.
Adotar pagamentos digitais significa mais segurança, melhor controle financeiro e maior comodidade para todos. Eles permitem registrar cada gasto, pagar quase instantaneamente e evitar os riscos de carregar grandes quantias em espécie. Entretanto, esse avanço não pode se transformar em uma nova barreira. E é aqui que empresas como a Evertec deixam de ser espectadoras e passam a ser protagonistas da transformação.
A tecnologia, por si só, não basta. Na Evertec, entendemos esse desafio e por isso somos parceiros de organizações sem fins lucrativos como a ChilePay, com quem promovemos a inclusão financeira. Juntos, trabalhamos para que mais comércios e pequenas empresas em todo o Chile tenham acesso a soluções de pagamento digital, superem barreiras tecnológicas e descubram os benefícios dessas ferramentas. O objetivo é que percam o medo do digital e entendam como a adoção dos pagamentos eletrônicos pode aumentar suas vendas.
A meta não é apenas modernizar a forma de cobrar, mas também melhorar a experiência de compra e abrir novas oportunidades de negócio que antes pareciam impossíveis para um pequeno comércio em qualquer bairro do país. Tudo isso com um firme compromisso com a segurança em cada transação.
Autenticação EMV, validação biométrica, monitoramento antifraude em tempo real são apenas algumas das medidas que já estão alinhadas com a nova Lei Geral de Cibersegurança e com as exigências do Banco Central do Chile. Porque, se queremos que as pessoas confiem, essa confiança precisa ser construída com ações concretas e regras claras, e não apenas com promessas.
Será que o Chile conseguirá deixar o dinheiro em espécie para trás até 2030? Talvez. Mas, se isso acontecer, será por algo muito mais profundo: uma mudança cultural na forma de pagar — onde fazer uma transação digital não seja um privilégio das grandes cidades, mas uma opção real para todos, de Visviri a Puerto Toro.