Veja como foi a implementação do modelo em outros países e o que esperar das próximas etapas do Open Banking no Brasil
Neste ano, o Banco Central iniciou um processo que vai colocar o Brasil a par de algumas das principais e mais avançadas economias do planeta: a implementação do Open Banking. O sistema de “finanças abertas”, em linhas gerais, é um conjunto de regulações e tecnologias que vai liberar o compartilhamento de dados de usuários entre instituições financeiras e bancárias. O propósito é tornar o mercado financeiro mais aberto, ágil e transparente.
Em muitos casos, inclusive no Brasil, o Open Banking começa com a adoção de Pagamentos Instantâneos. No país, o Pix, solução do Banco Central, foi lançado já em 2020 e atualmente conta com funcionalidades além do pagamento instantâneo. Menos de um ano após sua adoção, o Pix responde por mais da metade das transações bancárias no Brasil.
No Reino Unido, país considerado berço e exemplo de Open Banking global, foi o mesmo. No início de 2009, o país adotou os Pagamentos Instantâneos, ou Faster Payments. No ano passado, o Faster Payment System quebrou o recorde de maior quantidade de pagamentos processados em um ano: foram 2,9 bilhões de pagamentos, segundo as estatísticas oficiais. O sistema, mesmo já tendo mais de dez anos, não para de crescer. No mês passado, foram processados 38% mais pagamentos do que no mesmo período do ano anterior.
Depois da experiência com os pagamentos instantâneos, o Reino Unido partiu, em 2018, para a adoção do Open Banking, criando uma regulamentação que serviria de referência para diversos países no futuro, inclusive para o Brasil. Hoje, os britânicos têm mais de um milhão de usuários do Open Banking, mais de 240 provedores de serviços regulados em Open Banking e mais de 40 bancos que aderiram ao sistema, segundo análise da Accenture. O crescimento constante desse sistema se dá por sua facilidade de uso e, sem dúvida, pelo grande incentivo à inovação que um mercado bancário aberto e transparente promove.
Ao redor do mundo, diversos outros países começaram a implementar sistemas semelhantes de compartilhamento de informações. Na Europa, a chamada SEPA (Single Euro Payments Area) permite o compartilhamento de informações de produtos e de contas, além de iniciação de pagamentos.
Na prática, um cliente que mora em um dos 36 países membros da SEPA, inclusive países que não fazem parte da zona do Euro, podem, por exemplo, abrir uma conta bancária em uma fintech com base em outro país membro e utilizar essa conta como se fosse uma conta local. Isso traz novos players para mercados onde antes eles não estavam – e aumenta a concorrência.
Open Banking fora da Europa
Não só na Europa o conceito passou a ser implementado. Singapura, por exemplo, foi o primeiro país da Ásia a adotar o Open Banking. O sistema local usa um modelo “market-driven” e, em 2018, a autoridade monetária do país lançou o APIX, uma plataforma aberta para inovação de serviços e produtos financeiros. Por meio dela, mais de 200 APIs de informações financeiras foram desenvolvidas desde então.
Na Austrália, o marco inicial para o Open Banking também foi em 2018, quando o governo anunciou que pretendia lançar um conjunto de leis que daria ao consumidor a “posse” de suas próprias informações. Assim, o consumidor teria mais poder para compartilhá-las. O sistema tem sido um sucesso entre players financeiros australianos. A consultoria especializada Frollo levantou que 94% dos bancos locais vão migrar para Open Banking nos próximos meses.
Na América Latina, o México foi o primeiro a desenvolver as primeiras regulamentações sobre o compartilhamento de dados financeiros. Em 2018, o país lançou sua Lei Fintech, uma das mais avançadas do mundo, e começou a desenvolver um modelo de Open Finance e Open Banking que contaria com a participação mandatória de mais de duas mil instituições. Desde então, porém, o progresso vem sendo lento. Atualmente, a lei para Open Banking mexicana facilita o compartilhamento de dados não confidenciais, como por exemplo informações sobre produtos e serviços e localizações de caixas eletrônicos.
Brasil segue ágil na adoção de Open Banking
O Brasil, por outro lado, anunciou planos de adotar o sistema mais aberto apenas em 2019, mas segue rápido na definição e implementação do sistema. O Banco Central dividiu em quatro fases a implementação do Open Banking no país. A primeira, que inclui compartilhamento de informações de serviços e produtos, já foi implementada.
Agora, o processo avança para compartilhar informações de cadastro e de transações dos clientes. A segunda fase está prevista para julho. A implementação completa do serviço, que vai incluir o chamado Open Finance, com troca de dados sobre outros produtos, serviços e transações, está prevista para dezembro de 2021.
O potencial em um país como o Brasil é imenso. Um relatório de pesquisa da PWC, por exemplo, estimou que, até 2022, a receita total do Open Finance no mundo atinja US$ 9,87 bilhões. O Brasil vai ser um dos países a fazer parte disso, se a agenda do Banco Central se concretizar. Um dos players que vai se beneficiar será o consumidor final, segundo estudo da Belvo. Isso porque o cliente vai poder acessar serviços com taxas de juros mais baixas, personalizados e disponíveis 24/7.
O estudo da Belvo também levantou um consenso entre os funcionários da fintech: as empresas precisam se antecipar às regulamentações do Banco Central para aproveitarem melhor as mudanças que chegam com o Open Banking e Open Finance.
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