Empresas podem utilizar tecnologias, como ciência de dados e Banking as a Service (BaaS), para testar soluções em ambiente controlado pelo Banco Central
Uma série de movimentos para trazer mais inovação ao ecossistema financeiro estão em curso pelo Banco Central do Brasil (Bacen). As iniciativas do Bacen possuem objetivos claros: dar mais agilidade aos players do setor, proporcionar maior segurança regulatória às empresas e beneficiar milhões de consumidores com produtos mais acessíveis, por meio do incentivo à competição de mercado. Nesta árdua jornada, um importante instrumento deve ser decisivo: o Sandbox Regulatório, ambiente de testes controlado exclusivamente pela autoridade monetária.
De forma simples, a tradução do inglês para o termo “Sandbox” significa caixa de areia. A palavra tem origem nos espaços de brincadeiras utilizados por crianças sob supervisão dos pais. No ambiente de negócios, a analogia funciona como uma plataforma que permite o Bacen conceder autorizações temporárias, que não seriam possíveis em meio à legislação vigente, para experimentos.
A estratégia é que as empresas, a exemplo de startups ou mesmo bancos tradicionais, possam demonstrar ao órgão regulador o ganho de valor agregado e aperfeiçoamento do mercado, caso as regras sejam alteradas. É importante dizer que, para isso, o setor privado dispõe de garantias de que eventuais quebras de regras não receberão qualquer punição. Por outro lado, a instituição monetária age para que nenhuma fraude ocorra durante o processo.
A primeira proposta de Sandbox surgiu no Reino Unido, em 2016. A iniciativa levou a uma série de melhorias. Algumas delas são o menor custo para a implementação de ideias inovadoras e a maior facilidade de financiamento aos inovadores. Além disso, cerca de 40% das companhias que resolveram se engajar receberam investimentos até o fim dos testes. Um resultado que mostra que a teoria funcionou também na prática.
Os resultados positivos no Reino Unido impactaram diversas outras nações. Assim, países como Espanha, Singapura, Suíça, Tailândia e Austrália também adotaram movimentos semelhantes.
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Sandbox no Brasil
Por aqui, o Banco Central recebeu 52 projetos para participar do Ciclo 1. No final de novembro, a instituição deverá divulgar a lista que terá entre 10 e 15 propostas escolhidas. Podem participar soluções que abordem o mercado de câmbio, fomento ao mercado de capitais com sinergia no mercado de crédito, soluções para o Pix e para o Open Banking, bem como ideias de incentivo ao crédito para micro e pequenas empresas, entre outras.
Há alguns órgãos que vêm tomando a dianteira dessa nova fase de inovação. Entre eles, a CVM, que recebeu propostas de iniciativas para a escrituração de valores mobiliários, com foco em pequenos empresários, além da emissão e negociação dos mesmos por meio de tokens em blockchain. No caso da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), as ideias selecionadas incluem a cobertura intermitente para a proteção residencial e para a prática de esportes, além do seguro automotivo.
Na Sinqia, os clientes podem testar diferentes APIs do Sandbox que visem o incremento de seus modelos de negócios no setor financeiro. Seja com inteligência artificial, machine learning, ciência de dados ou mesmo com Banking as a Service (BaaS), diferentes companhias conseguem prover melhorias de experiência dos consumidores no uso da conta-corrente, previdência ou mesmo para a gestão de fundos (controladoria).
“Vamos dar aos nossos parceiros do Open Innovation, como startups e empresas que estamos olhando, uma caixinha de areia para que eles possam ‘brincar’ com os nossos sistemas”, afirma Marcelo Duarte, Product Manager da Sinqia. “É o core do nosso programa de testes de soluções e tecnologia junto com os nossos parceiros”, completa Juliana Innecco, Head de Inovação do Torq, em referência ao hub de inovação da Sinqia que já teve aprovado R$ 50 milhões para investimento, dos quais mais da metade já foi investido.