Que tal reduzir drasticamente o tempo e o custo envolvidos na solução de questões judiciais? Bem, as lawtechs (ou legaltechs) podem ajudar nessa tarefa.
É publicamente conhecida a existência de uma enorme quantidade de processos aguardando julgamento nos tribunais.
Ora, numa época de acelerado desenvolvimento tecnológico, em que tudo acontece de forma on-line e em tempo real, é impraticável depender de decisões que podem levar meses ou anos para serem tomadas.
Mas quem são as lawtechs? Como elas conseguem acelerar a solução de conflitos judiciais? Que outros serviços elas prestam?
Lawtechs e Legaltechs: o que são
Em primeiro lugar, devemos entender lawtechs e legaltechs como sinônimos, ao menos no Brasil.
Legaltechs são empresas fortemente baseadas no uso de tecnologia, que fornecem suporte e soluções para as necessidades jurídicas das empresas. Elas surgiram recentemente em âmbito global, não sendo, portanto, exclusivas do nosso país.
Por aqui, o rápido crescimento desse segmento levou à criação, em 2017, da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L). Em menos de dois anos, a AB2L saltou de 20 para 500 empresas associadas.
As lawtechs têm como principais clientes as empresas de um modo geral, especialmente as instituições financeiras, pioneiras na contratação desses serviços.
A solução de conflitos pela desjudicialização
A justiça brasileira tem atualmente cerca de 115 milhões de processos acumulados, com 80 milhões de ações em tramitação. Esse montante cresce a uma taxa de 3% ao ano.
A título de comparação, o volume de processos judiciais no Brasil é mais de 50 vezes superior ao existente na superpopulosa China. A maior parte desses processos envolve pessoas jurídicas.
Apesar do esforço para a digitalização desse volume de informações, não há perspectivas imediatas quanto a uma transformação dessa realidade.
Assim, o que as legaltechs têm feito é oferecer alternativas de desjudicialização, isto é, de solução dos conflitos fora da estrutura judicial. Para tal, busca-se a mediação dos conflitos e a conciliação entre as partes, sempre pelo prisma da humanização das relações.
Os resultados colhidos
Como resultado, processos que tramitariam por anos na justiça chegam a ser solucionados em uma única audiência.
Por meio de plataformas on-line e de estruturas para negociação presencial, as lawtechs têm conseguido que bancos alcancem índices de fechamento de acordos até 70% superiores aos obtidos por canais tradicionais.
Com essa eficiência, um grande banco do país realizou, só em 2018, mais de 1,1 mil negociações. Uma importante lawtech no mercado contabiliza, desde 2015, a efetivação de mais de 2,5 mil acordos, envolvendo um montante de R$ 55 milhões.
Outros serviços prestados pelas lawtechs e legaltechs
Além das mediações e conciliações, as legaltechs também oferecem outros serviços às organizações, como:
- Automação e gestão de documentos jurídicos;
- Gestão de departamentos jurídicos;
- Análise de dados e jurimetria;
- Consultoria jurídica;
- Extração e monitoramento de dados públicos.
Nas instituições financeiras, as lawtechs têm marcado presença no suporte à proteção de dados pessoais de clientes e na pesquisa de informações voltadas para a prevenção de riscos e fraudes.
Com o uso da computação em nuvem e de recursos de big data e inteligência artificial, as legaltechs estão transformando rapidamente a forma como as instituições financeiras lidam com as questões jurídicas.
Também para os profissionais desse meio, outrora tidos como avessos a inovações, as lawtechs/legaltechs estão trazendo novas formas de exercer suas funções. É a transformação digital chegando a todos os setores da atividade humana.
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