Os avanços na aplicação da inteligência artificial (IA) têm agregado ainda mais valor a produtos e serviços, gerando oportunidades para a inovação nos mais diversos setores. Grandes empresas de tecnologia estão liderando investimentos em infraestrutura de IA, criando um rico ecossistema de startups em toda a cadeia de valor.
Um relatório do Gartner aponta que até 2026 – ou seja, daqui a dois anos – mais de 80% das empresas vão utilizar modelos ou interfaces de programação com inteligência artificial generativa, ou implementar aplicações para essa tecnologia em seus ambientes de produção. Este número é bastante significativo quando comparado à porcentagem estimada para 2023, que era de apenas 5% das empresas.
Portanto, não é à toa que a inteligência artificial tem protagonizado uma nova onda de oportunidades para o mercado de inovação aberta. Apesar de ambos os temas não serem necessariamente uma novidade no mundo dos negócios, parece estar mais claro para o mercado os benefícios que essa cadeia de valor está gerando.
IA e inovação aberta: a evolução
Em 1943, os pesquisadores americanos Warren McCulloch e Walter Pitts apresentaram o primeiro modelo computacional para redes neurais, considerado a base de funcionamento da inteligência artificial. O termo só veio a ser utilizado a partir de 1956, pelo cientista da computação estadunidense John McCarthy. Ao longo das décadas, a IA evoluiu para uma ferramenta poderosa que tem o potencial de remodelar indústrias e revolucionar a maneira como interagimos com a tecnologia.
Já o conceito de inovação aberta surgiu no início dos anos 2000, quando o economista Henry Chesbrough identificou uma mudança na forma como as empresas poderiam inovar. Ao utilizar ideias de parceiros externos neste processo, elas deixam de lado modelos fechados e secretos. Essa matriz de inovação colaborativa possibilita maior intercâmbio de conhecimento e mais velocidade para testar hipóteses.
Nas duas últimas décadas, a inteligência artificial se tornou cada vez mais integrada à vida cotidiana, assumindo um papel fundamental no processamento e análise de dados em áreas como finanças, saúde e comércio eletrônico. Nesse cenário, as startups focadas em oferecer soluções de IA têm chamado a atenção nas iniciativas de inovação aberta de diversos setores.
Startups e inteligência artificial: potencializando a inovação aberta
Em artigo publicado em outubro no Evertec Trends, Emília Chagas e Gustavo Menezes exploraram o impacto das startups na criação de ecossistemas de inovação. Devido a sua estrutura e seu modelo de negócios, as startups podem desempenhar um papel significativo no crescimento das empresas que investem em inovação aberta.
Com maior facilidade para testar hipóteses e mudar o direcionamento estratégico, projetos de inovação aberta têm apostado nessas características das startups para analisar e interpretar grande volume de dados usando a inteligência artificial. Os benefícios já são percebidos na área da saúde com diagnósticos mais precisos, assim como na hiper personalização de ofertas de crédito ou opções de compra no varejo, além do combate a fraudes financeiras.
Aliada à inovação aberta, as soluções de inteligência artificial aplicadas a processos de backoffice ou mesmo à transformação e atualização de produtos estão elevando o patamar dentro de mercados cujos usuários já têm altas expectativas.
IA como tendência tecnológica para 2025
O CB Insights divulgou recentemente um relatório de tendências tecnológicas para 2025, no qual a inteligência artificial teve um destaque considerável – como era de se esperar:
- A inteligência artificial deverá nortear a próxima onda de fusões e aquisições de empresas de tecnologia;
- O uso da IA no diagnóstico de doenças possibilitará uma avaliação mais precisa dos sintomas, além da detecção precoce de doenças;
- O processamento de dados com IA permitirá cada vez mais uma hiper personalização de ofertas no varejo, com maior conversão de vendas e previsibilidade de aumento de receita.
IA e o futuro da inovação: ética, governança e humanidade coletiva
Dada a gama de possibilidades, fica difícil não enxergar valor na interação com a inteligência artificial. Vale lembrar que a IA é uma ferramenta, um meio para otimizar processos e melhorar a oferta de produtos e serviços, portanto não deve ser tratada como um fim em si. O futuro da inovação passa pelo uso consciente da inteligência artificial.
Para isso, precisamos nos preparar para entender como ela pode afetar a nossa realidade, potencializando as características que são particulares dos seres humanos e superando, de forma inclusiva, os desafios que já estão postos na sociedade para construção dessa humanidade coletiva.
Um caminho apontado por especialistas é investir em infraestrutura de dados para garantir qualidade e quantidade da matéria-prima da IA, além de processos de governança. É preciso responsabilidade no tratamento dos dados não apenas para evitar vazamentos de informações sensíveis e confidenciais, mas também para não repetir padrões – muitas vezes, preconceituosos – que estão postos na sociedade.
Ética e governança de dados não devem ser ignoradas em nenhuma iniciativa que envolva a aplicação de IA, especialmente ao avaliar os conjuntos de dados usados para treinar os modelos de inteligência artificial. Só assim seremos capazes de explorar todo o potencial preditivo da inteligência artificial e justificar a tomada de decisões com base nos algoritmos de processamento de dados.
Torq Talks
Inteligência artificial foi tema da última edição do Torq Talks que aconteceu no dia 19 de novembro, em Florianópolis, Santa Catarina. O evento é um compromisso do Torq em fomentar debates sobre as inovações tecnológicas que estão transformando o mercado financeiro.
Para ficar de olho e não perder as próximas edições dos eventos do hub de inovação da Evertec + Sinqia, siga @torqinovacao nas redes sociais.