A tecnologia acirra cada vez mais a disputa das instituições financeiras não apenas com fintechs, mas com empresas de diversos setores na disputa pelos clientes. É o caso das empresas de meios de pagamento, por exemplo.
Elas já ocupam um lugar de destaque na economia global, oferecendo serviços e soluções que vão de encontro aos produtos bancários. Entenda nesse artigo quem são essas empresas e como a atuação delas pode se tornar uma ameaça aos bancos.
O que são as empresas de meios de pagamento
As empresas de meio de pagamento são aquelas que oferecem ao comprador alternativas para o pagamento de produtos e serviços no mercado. Os meios de pagamento tradicionais são o dinheiro em espécie e os cartões de crédito e débito.
No entanto, estão surgindo empresas especializadas em oferecer alternativas aos consumidores. As empresas que funcionam como meio de pagamento já estão competindo diretamente com os bancos, líderes no segmento.
Na visão dos executivos, as empresas de pagamento tendem a representar maior concorrência aos bancos até 2025 do que as varejistas e big techs. Isso está relacionado com o decréscimo de transações em dinheiro no setor varejista.
Estima-se que, no futuro, menos de 5% das transações serão feitas em dinheiro. Os pagamentos e transferências eletrônicas serão a primeira opção para os consumidores. E as empresas de meios de pagamento estão investindo muito no setor.
Por que essas empresas serão grandes concorrentes?
Um dos fatores relacionados com a ascensão das empresas de meios de pagamento é a penetração da internet e dos smartphones, além de outros recursos tecnológicos em países emergentes, o que gera novas demandas.
Segundo estudo da consultoria EY obtido pelo Valor, a competição se dará no ponto de contato com o consumidor, e levará vantagem quem oferecer a ele a experiência mais natural e integrada a seu dia a dia.
Ainda segundo esse mesmo estudo os sete fatores que estão levando à transformação dos setores financeiro e de pagamentos são:
- Mudanças regulatórias;
- Maior expectativa dos consumidores sobre seus provedores de serviços;
- Uso de inteligência artificial e “machine learning”;
- Open banking;
- Pagamentos 100% em tempo real;
- Interoperabilidade entre plataformas e pagamentos “invisíveis”.
Panorama da China x Brasil
A China é um exemplo desse movimento, tendo em vista uma transformação no conceito e usos do dinheiro no país. Os aplicativos de pagamento AliPay e WeChat Pay já possuem grande alcance, sendo referências no segmento.
No contexto brasileiro, o dinheiro continua sendo o meio de pagamento mais utilizado, adotado por 96% da população. Essa foi, inclusive, uma das justificativas para a distribuição de uma nota de R$200,00 pelo Banco Central.
Mas essa realidade tende a mudar nos próximos anos, tendo em vista que o dinheiro está perdendo cada vez mais espaço para os cartões de crédito, meio de pagamento já adotado por 46% da população brasileira.
Apesar de a China ser a principal potência quando o assunto é meios de pagamento, o mercado brasileiro também apresenta oportunidades. O avanço da tecnologia móvel está potencializando o crescimento das empresas que atuam no setor, que ainda vai evoluir tornando os serviços cada vez mais rápidos e seguros.
As empresas de meio de pagamento já representam 16,4% das fintechs nacionais, em um universo de 741 instituições. O crescimento dessas empresas foi de 200% desde o ano de 2011.
Exemplos de empresas de meios de pagamento
As empresas de pagamento são concorrentes diretas dos bancos, em nada se confundindo com estes. Elas oferecem aos usuários uma carteira eletrônica, onde o dinheiro pode ser armazenado, transferido e usado para pagamentos.
Um dos principais exemplos é o WeChat, um dos meios de pagamento mais importantes da China, com atuação também em outros países. Por meio do app os usuários fazem mais do que pagamentos: podem interagir e navegar.
Outra empresa popular de pagamento é o PayPal, bastante conhecido nacionalmente. Pelo aplicativo as pessoas podem fazer pagamentos, receber dinheiro e muito mais, em lojas físicas e virtuais.
Novas parcerias no contexto das empresas de meios de pagamento
Recentemente, a notícia de que as empresas Linx e Stone se fundiram movimentou o mercado. Juntas, as companhias somam receita de R$ 3,6 bilhões. Assim, podem gerar pagamentos da ordem de R$ 300 bilhões.
A notícia de parceria entre o PagSeguro e o TikTok também ilustra a corrida das empresas de meios de pagamento por uma fatia maior do mercado. Agora os usuários do aplicativo no TikTok no Brasil poderão fazer transações de forma rápida.
Todo esse movimento das empresas está relacionado, direta ou indiretamente, com o anúncio do PIX, novo meio de pagamento que será implementado no Brasil a partir de novembro de 2020. Considerado uma evolução, o modelo vem para substituir os tradicionais TED e DOC, possibilitando pagamentos a qualquer momento e de forma mais rápida.
As empresas de meios de pagamento estão ganhando cada vez mais espaço no mercado e tendem a representar um desafio para os bancos. Elas oferecem soluções rápidas, gratuitas e antenadas ao avanço tecnológico. Agora, mais do que nunca, os bancos precisam se digitalizar para acompanhar essa corrida e não perder grande parte da sua fatia de mercado.
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