As Big Techs fazem parte do dia a dia de bilhões de pessoas. Conectando usuários e criando novas plataformas de serviços, essas companhias mudaram a nossa realidade e auxiliaram a tecnologia a ser levada para mais locais do planeta e no nosso cotidiano.
Agora elas chegaram no setor financeiro. Esse processo tem causado grandes mudanças, levando para as corporações uma nova visão de negócios para uma área que, até então, elas não estavam presentes.
Mas como isso está afetando o mundo financeiro? Confira no nosso post com os seguintes tópicos:
- O que é uma Big Tech?
- Como as Big Techs funcionam?
- Como as Big Techs se relacionam com o mercado bancário atual?
- Como as instituições financeiras devem reagir?
- Até onde vai o poder das big techs?
O que é uma Big Tech?
As Big Techs são as grandes empresas de tecnologia que dominaram o mercado nos últimos anos. Inicialmente pequenas startups, essas organizações, geralmente localizadas no Vale do Silício, criaram serviços inovadores e disruptivos se utilizando de um modelo de negócios escalável, dinâmico e ágil.
Muitas vezes gratuitos, esses produtos passaram a fazer parte do dia a dia de várias pessoas, como é o caso dos serviços do Google, da Uber e da Netflix. Essas empresas são capazes de impactar a vida de outras organizações, mesmo que de segmentos e realidades completamente diferentes dos seus.
Como as Big Techs funcionam?
O principal motor das Big Techs é a inovação. Justamente por isso, o lema “move fast and break things” (mova-se rápido e quebre coisas, em português) é comum nessa área.
As companhias precisam definir novas tecnologias e serviços continuamente, atualizando produtos e dispositivos para atenderem às demandas e se manterem relevantes. Por isso, é comum que a cada ano as empresas desse setor promovam conferências para anunciar os seus próximos passos: nesse evento, o negócio permite que a comunidade de desenvolvedores se prepare e trabalhe lado a lado com ele para atuar junto na criação das novidades.
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Como as Big Techs se relacionam com o mercado bancário atual?
Para se manterem inovadoras e lucrativas, as empresas de tecnologia estão direcionando os seus serviços para várias áreas. O mercado bancário não é diferente. Focando no potencial comercial e na possibilidade de gerar disrupção em um campo normalmente conhecido como rígido, muitos empreendedores estão voltando os seus projetos para esse ramo.
Além disso, a pandemia também contribuiu para acelerar a digitalização deste mercado e, consequentemente as big techs ganharam espaço nesse cenário. Segundo o estudo Flavors of Fast, da empresa de tecnologia FIS, a receita de bigtechs cresceu 17% entre 2019 e 2020, enquanto a capitalização de mercado dessas empresas avançou 57% no período.
Não é de hoje que a posição de hegemonia dos grandes bancos no controle de investimentos, meios de pagamento e crédito está sendo ameaçada. De pequenas fintechs às gigantes empresas de tecnologia, o escopo e diversidade de incursões no mercado financeiro são enormes. Todas elas têm carteiras digitais desenvolvidas (Apple Pay, Google Pay, Amazon Pay, Facebook Pay e Microsoft Pay).
WhatsApp Pay: entenda a nova função do aplicativo
Em 2021 o Facebook lançou o Whatsapp Pay, uma ferramenta no aplicativo que funciona como um iniciador de pagamentos.
Dessa forma, de acordo com o Banco Central, o WhatsApp pode oferecer serviços para compras, vendas e movimentações financeiras. No entanto, está impossibilitado de disponibilizar empréstimos e financiamentos podendo apenas executar ordens de transações e pedidos de seus clientes.
Para utilizar, é preciso cadastrar os dados de um cartão de débito das bandeiras Visa ou Mastercard. No Brasil, o sistema é oferecido pelo Facebook Pay e tem operações processadas pelo Facebook Pagamentos e pela Cielo.
WhatsApp Pay x PIX
Em novembro de 2020 o Banco Central lançou o PIX, um meio de pagamento disponível nos aplicativos dos bancos e sua funcionalidade permite pagamentos via boleto, DOC, TED e cartão de débito. O lançamento do BC acabou ofuscando o WhatsApp Pay, uma vez que, a maioria dos usuários do WhatsApp Pay diz que prefere transferir usando o Pix.
De acordo com uma pesquisa feita pelo Mobile Time em parceria com a consultoria Opinion Box, os brasileiros que usam o mensageiro também acreditam que a ferramenta do BC é mais prática e fácil para transferir valores.
De acordo com uma pesquisa realizada em dezembro de 2021 pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos), o Pix foi usado pelo menos uma vez por 70% da população. O número de chaves — códigos usados para receber uma transferência — se aproximava de 400 milhões na última vez em que o Pix bateu recorde de transações diárias.
O resultado não poderia ser diferente: 80% dos usuários do WhatsApp preferem a ferramenta do BC na hora de transferir dinheiro.
Apesar desse cenário, o recurso do WhatsApp está atraindo mais pessoas, ao mesmo tempo em que gera desconfiança. No início de 2021, apenas 7% dos que navegavam pelo WhatsApp haviam cadastrado um cartão de débito ou de função múltipla na plataforma. Entre agosto de 2021 e janeiro de 2022, esse percentual cresceu para 17%, e agora 11% usam a forma de pagamento.
É seguro?
O WhatsApp afirma possuir um sistema avançado de armazenamento de dados e a criptografia que coleta os números dos cartões em uma rede separada e segura. Os usuários recebem um código de confirmação do WhatsApp, o PIN do Facebook Pay e o código de verificação. Para utilizar o recurso de forma segura.
Apesar disso, o novo recurso não utiliza criptografia de ponta-a-ponta, pois os bancos precisam receber as informações sobre cada pagamento.
A pesquisa da Mobile Time perguntou ainda o que leva pessoas que têm o WhatsApp a não usarem o WhatsApp Pay. Para 45% dos entrevistados, não há interesse em cadastrar seu cartão e usar a ferramenta. Já 3 em cada 10 responderam que não confiam na plataforma de pagamentos para inserir os dados do cartão.
A desconfiança faz parte do uso do principal mensageiro do Brasil para golpes e crimes cibernéticos. O estudo concluiu que 43% dos usuários do WhatsApp já foi vítima de uma das formas mais comuns desses esquemas: um golpista que assumiu sua identidade para pedir dinheiro a parentes ou amigos.
Modelo GAFA
Segundo levantamento feito pela consultoria Accenture, o modelo “GAFA” – Google, Amazon, Facebook e Apple – estão entre as alternativas mais atraentes para as gerações mais jovens quando se fala em fornecedores de serviços financeiros.
No Brasil, 60% dos entrevistados da geração Y afirmaram que considerariam realizar transações financeiras com o chamado grupo GAFA. OU SEJA, se as experiências de cliente mais bem-sucedidas vêm das empresas desse modelo, é nelas que os bancos devem se espelhar.
Ainda segundo o FSB, a maior presença de bigtechs no setor financeiro gera benefícios como a redução de custos e inclusão financeira, preenchendo lacunas do setor e contribuindo para uma maior diversidade.
Por outro lado, alerta a entidade, o crescimento de nomes da tecnologia traz riscos, como questões de concentração de mercado, atuação de empresas fora do olhar regulatório e ataques cibernéticos, que podem causar implicações negativas para a estabilidade financeira do sistema.
Como as instituições financeiras devem reagir?
Em outras palavras, as companhias do setor financeiro devem utilizar as novidades tecnológicas a seu favor e começarem, o mais rápido possível, a serem inovadoras. Considerando também a possibilidade de se aliar à essas big techs, uma vez que, a junção entre empresas de tecnologia e instituições financeiras vem se estreitando cada vez mais.
A transformação digital do mercado financeiro passa por tendências como a digitalização de dados, o Open Banking, o uso da Internet das Coisas na gestão de facilities e até mesmo a aplicação de Big Data e inteligência artificial para otimizar processos de cadastro. Além disso, a mobilidade se torna uma realidade, levando o banco para mais perto dos clientes.
Se bem aplicado, esse recurso auxiliará as empresas a serem mais dinâmicas e preparadas para lidar com as demandas dos seus clientes em uma economia digitalizada. Da adoção de aplicativos mobile à utilização de tecnologias de análise de dados para melhorar investimentos, todos os setores de uma organização da área podem ser melhorados. Para tanto, basta que a sua companhia avalie as ferramentas que podem ser úteis e, assim, aplique as mudanças necessárias para ter um ambiente mais inovador e pronto para lidar com as Big Techs.
Até onde vai o poder das big techs?
Ao longo dos anos, questões controversas relacionadas às big techs surgiram. Um exemplo foi a suspensão e banimento (por parte do Twitter) do perfil do então presidente dos EUA, Donald Trump. Tudo aconteceu devido aos posts publicados por Trump durante a invasão de seus apoiadores ao Capitólio no dia 06/01, em protesto contra a validação da eleição de Joe Biden como o novo presidente do país.
Com isso, o Facebook (e Instagram), Snapchat, YouTube e outras plataformas de social media resolveram suspender o perfil oficial de Trump também. Já o Twitter baniu permanentemente o perfil de Donald Trump, além de impedir que ele usasse a conta oficial da presidência (@POTUS) e também de outros de seus correligionários.
Após as medidas, justificadas como “violações das políticas das plataformas”, o Parler, rede social de viés conservador – e para onde boa parte do eleitorado de Trump pretendia migrar depois do banimento deste do Twitter – saiu do ar, depois que a Amazon (via AWS) baniu a empresa de seus servidores, sob a justificativa de “ser incapaz de moderar as mensagens incitando a violência”. No fim de semana, Apple e Google já haviam retirado a plataforma de suas lojas de aplicativos, com a mesma alegação da ausência de moderação.
Diante deste cenário diversos líderes se manifestaram preocupados com o poder das gigantes de tecnologia sobre a liberdade de expressão das pessoas mundo afora. Além disso, representa a ansiedade por parte dos governantes em aplicar regulamentações federais mais rígidas em cima dessas empresas.
Agora, a pressão sobre as big techs deve aumentar rapidamente. A União Europeia já vem desenhando duas leis de regulamentação tecnológica: a Lei de Mercados Digitais, que tentará atacar a concorrência desigual no setor, e a Lei de Serviços Digitais, que obrigará as Big Techs a assumirem mais responsabilidade por comportamento ilegal em suas plataformas.
No Brasil, as autoridades já manifestaram preocupações relacionadas ao compartilhamento de dados entre serviços controlados por empresas big techs, o que, mais uma vez, se torna mais sensível quando tais empresas passam a atuar também em arranjos de pagamento.
Tais cuidados são também importantes à luz da Lei Geral de Proteção de Dados, principalmente das regras e princípios que exigem que o tratamento dos dados seja feito levando em conta requisitos como finalidade e necessidade e a exigência de informar e obter o consentimento prévio do titular.
Ainda em relação ao tratamento de dados, na avaliação do Conselho de Estabilidade Financeira (FSB) – órgão internacional que monitora e faz recomendações sobre o sistema financeiro global, a expansão das big techs evidencia a necessidade de serem abordadas com mais profundidade, uma vez que as lacunas de dados dificultam para as autoridades decidirem se e como regular essas grandes empresas. O Órgão ainda lembra que, em 2019 o uso de carteiras digitais (oferecidas principalmente por essas grandes empresas) cresceu cerca de 6,5% em todas as transações de comércio eletrônico em escala global.
Ainda assim, o Brasil tem adotado medidas notáveis com impacto direto para as big techs, Um exemplo disso é o PIX que foi projetado para criar condições de concorrência de nível competitivo entre os provedores de serviço de pagamento.
Agora, até onde você acha que vai a influência das big techs no mercado financeiro? Conta pra gente aqui nos comentários.
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