* As imagens deste artigo foram retiradas na íntegra da Pesquisa de Tecnologia Bancária 2023 da FEBRABAN.
A Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) em conjunto com a Deloitte apresentaram os resultados da 31ª edição da “Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária”.
Neste ano, o conteúdo foi apresentado em dois volumes: o primeiro explora os investimentos e tendências em tecnologia, enquanto o segundo aborda as transações bancárias e o comportamento do consumidor.
A primeira etapa da pesquisa foi realizada entre dezembro de 2022 e março de 2023 por meio de formulário eletrônico e entrevistas em profundidade com líderes de tecnologia. As respostas refletem a realidade de 16 bancos, que correspondem a 84% dos ativos bancários do Brasil. Além de 28 executivos entrevistados.
Já no volume 2 a coleta de dados foi realizada por meio de formulário eletrônico, entre abril e maio de 2023. Dezoito bancos responderam ao formulário, o que representa 86% dos ativos da indústria bancária do país.
Continue sua leitura e confira os resultados da pesquisa de Tecnologia Bancária 2023 completa:
- Volume 1: Investimentos e tendências em tecnologia
- Volume 2: Transações bancárias e o comportamento do consumidor
Consolidação tecnológica e integração
Na prática, segundo a Pesquisa de Tecnologia Bancária 2023, as prioridades apontadas pelos bancos neste ano são, em primeiro lugar, a análise e exploração dos dados obtidos via Open Finance, tema que também ocupou a primeira posição em 2022. As instituições citaram também a transformação cultural do banco; moedas e ativos digitais; expansão de transações via chatbot; e o incentivo do consumidor ao compartilhamento de dados.
Em relação às tecnologias estão listadas como prioridades de investimentos para os executivos:
- Otimização do legado e priorização de cloud: 67% já migraram alguma aplicação para cloud pública e/ou privada e 80% dos players do setor financeiro no mundo adotam estratégia multicloud;
- IA como tecnologia essencial para automação: as aplicações de biometria, chatbot e RPA são as mais utilizadas e as consideradas mais importantes pelos bancos.
- Segurança cibernética inteligente para lidar com o aumento da conectividade e com a dependência exponencial de dispositivos e sistemas on-line: os bancos pretendem direcionar seu orçamento de segurança cibernética para infraestrutura, prevenção às ameaças cibernéticas, gestão de identidades e acesso, e na contratação de especialistas na área de segurança da informação;
- Movimentos emergentes, como ESG, Tokenização de ativos, Real Digital, 5G e Metaverso.
“A tecnologia é uma grande aliada na democratização do acesso aos serviços financeiros, ampliando diariamente a oportunidade de as pessoas fazerem todo tipo de operações a qualquer hora, qualquer lugar e em diferentes equipamentos.”, avalia em comunicado Isaac Sidney, presidente da Febraban.
Tecnologia da informação como força motriz da transformação do setor
Dentre os setores privados, o bancário é o que mais investe em tecnologia, tanto no Brasil quanto no mundo. Em 2022, o volume do investimento chegou a R$ 34,9 bilhões, um crescimento de 18% em relação a 2021.
Para 2023, a expectativa é de crescimento ainda maior, podendo chegar a 29%, superando o volume investido no ano anterior.
A estimativa é de investimentos contínuos em centralidade no cliente podem ser exemplificados pela expectativa de aumento na participação do orçamento em CRM, em IA, Analytics e Big Data, reforçando a busca pela personalização no relacionamento e a consequente maior eficiência na exploração dos dados. A migração para cloud continua no foco dos investimentos e também deve se expandir em pelo menos 20% em 2023.
Open Finance para manter relevância
Como citado anteriormente, em 2023 a análise e exploração dos dados obtidos via Open Finance segue em 1º lugar como prioridade para os bancos. Na segunda posição, novamente aparece a transformação cultural do banco. Em seguida, são citados temas que não haviam aparecido no top 5 em 2022, como moedas e ativos digitais; expansão de transações via chatbot; e incentivo do consumidor ao compartilhamento de dados.
De acordo com a pesquisa de tecnologia bancária 2023, 75% das instituições bancárias querem oferecer mais produtos financeiros para os clientes, 69% desejam conhecer melhor o contexto do cliente e 44% pretendem oferecer serviço de iniciação de pagamentos. Além disso, 38% querem melhorar a precificação dos produtos, 31% reduzir riscos de crédito e 19% expandir negócios não financeiros.
A adesão ao Open Finance, no entanto, ainda é um desafio para as instituições. Atualmente, 80% dos bancos respondentes afirmam que até 10% de sua base de clientes aderiu ao sistema de compartilhamento de dados, uma proporção que deverá crescer neste ano.
Ecossistema de inovação
A conexão dos players da indústria bancária com seus parceiros do ecossistema tem sido determinante na ampliação das ofertas de serviços e produtos nos canais digitais. Sendo que 93% fizeram parcerias com startups em 2022 e 92% pretendem expandir essas parcerias em 2023.
Neste contexto, os bancos alavancam o relacionamento com diferentes tipos de parceiros, para prover serviços mais completos e até entrar em segmentos novos, como forma estratégica de agregar valor, complementar jornadas e consolidar a busca constante pela inovação.
Para fomentar o ecossistema, 64% dos bancos disponibilizam portal desenvolvedor para que suas APIs sejam consumidas e seus recursos, utilizados no desenvolvimento de soluções. À medida que os super apps e superstores forem amadurecendo, a tendência é que o número de APIs externas aumente uma vez que elas auxiliam na disponibilização de produtos de parceiros nessas plataformas.
Iniciativas de programas de inovação aceleram a transformação digital em diferentes frentes e podem ter foco em uma vertical ou em tecnologias, segmentos de mercado. O foco dos bancos, pelo terceiro ano consecutivo, está nos Innovation Labs.
Estímulo à força de trabalho
A relevância da TI na indústria bancária se reflete no número de profissionais no quadro total de colaboradores dos bancos, que em média ficou em 10%, segundo o estudo. Deste total, a maior parte dos profissionais de TI é composta por desenvolvedores (62%).
E, segundo a pesquisa, a maioria dos bancos (69%) pretende aumentar o quadro de profissionais de tecnologia conforme a demanda:
Além da busca por profissionais especializados, outro fator determinante para os bancos é a capacitação e retenção destes talentos. Isso implica em altos investimentos, tanto em treinamento, quanto em infraestrutura e novas soluções – para proporcionar uma melhor experiência no trabalho. Para o ano de 2023, a expectativa dos bancos respondentes é de investir R$ 1,6 bilhão para incrementar esta estrutura.
Em relação aos treinamentos, as ações voltadas à formação de times ágeis tiveram expansão de 55% nesta edição, com crescimento de 41% em número de pessoas treinadas. Já os investimentos para treinar funcionários de TI cresceram 18%, com alta de 15% em pessoas treinadas.
Transações bancárias e o comportamento dos clientes
Segundo o volume 2 da pesquisa de Tecnologia Bancária 2023, o número de transações registradas pelas instituições bancárias teve aumento significativo de 30% frente a 2021, totalizando 163,3 bilhões de movimentações. Este resultado é o maior já registrado na série histórica de transações, sendo influenciado principalmente pelo desempenho do mobile banking, que teve alta de 54% no número de operações realizadas pelos clientes.
Em relação à composição, os canais digitais cresceram 43%, ampliando ainda mais a participação na comparação com os canais físicos: atualmente, praticamente oito em cada dez transações são realizadas via mobile banking, internet banking ou WhatsApp.
Foram 107,1 bilhões de operações realizadas pelo mobile banking – acréscimo de 54% em relação a 2021 – e 17,8 bilhões por internet banking, aumento de 2% no mesmo período. Com isso, o total de operações efetuadas nestes canais digitais foi de 124,9 bilhões em 2022, aumento de 44% em relação ao ano anterior.
O crescimento no número de operações efetuadas por meio dos canais digitais revela às instituições bancárias a preferência do consumidor.
O canal mobile é o preferido dos clientes para transações como Pix, consultas de saldos, extratos e investimentos, e contratação de crédito. Já os demais canais, têm as seguintes preferências: agências, para contratação de seguros; correspondentes bancários, para pagamentos de contas e saques; internet banking, para a contratação de investimentos.
Em termos de movimentações por canais, observa-se que existe um aumento da taxa de crescimento no mobile, para praticamente todos os tipos de transação. Isso demonstra a preferência do consumidor pelo meio digital não só para realizar consultas, mas, também, para contratar produtos e realizar pagamentos.Contas e clientes
Das 469 milhões de contas ativas, quase metade delas é acessada pelo canal mobile. O número de contas correntes abertas no mobile banking e no internet banking atingiu 24,7 milhões em 2022, crescimento de 23% em relação a 2021. Pelo segundo ano consecutivo, o número de contas abertas em canais digitais superou o de contas abertas em canais físicos.
O número de clientes ativos no mobile banking teve crescimento de 8%, chegando a 168,5 milhões nesta edição. Dentre os clientes ativos, 64% são classificados como heavy users para transações não financeiras, como consultas, e 53% para movimentações financeiras, como pagamentos e transferências.
Esses números demonstram a rápida adoção e usabilidade dos brasileiros em relação ao mobile banking, revelando a conveniência e praticidade desse canal.
Whatsapp: uma tendência em transações
O WhatsApp, liberado pelo Banco Central em março de 2021, já registrou crescimento de 531% em um ano, atingindo o total de 56,2 milhões de transações. Deste total, 37% se referem às operações via Pix e 29% às renegociações de dívidas.
Os números, mesmo que ainda pouco expressivos, demonstram uma tendência de maior adoção do canal pelos usuários de serviços bancários.
Pix: agilidade e facilidade em pagamentos
Em pouco mais de dois anos de operação, o Pix se consolidou como o maior meio de pagamento no Brasil e provocou uma mudança no comportamento do cliente.
Os números comprovam: em 2021, as transações por esta via totalizaram 5,7 bilhões, enquanto, em 2022, o volume ultrapassou os 11,7 bilhões – aumento de 105% no período.
Nele, 48% dos usuários são heavy users, ou seja, realizam mais de 30 transações instantâneas por mês. E a quantidade de heavy users do Pix, que não para de crescer, ainda pode aumentar, dadas as implementações de novas modalidades em curso, como o Pix Parcelado e o Pix Saque – as quais já estão sendo disponibilizadas por alguns bancos.
A adesão ao Pix teve impacto sobre as transferências (DOC/TED), que registraram quedas de 29%.
Mesmo considerado uma solução de pagamento madura e melhor consolidada no mercado, mantém fôlego de crescimento: de um ano para o outro, atingiu 88,7 milhões de usuários, com aumento de 24% em relação a 2021.
Adesão ao Open Finance
Houve aumento de 971% na quantidade de usuários pessoas físicas que consentiram ao seu banco enviar seus dados para outras instituições e os números tendem a subir nos próximos anos, conforme os bancos evoluem nas jornadas digitais e os clientes passem a experienciar os benefícios do movimento.
Quer ver a Pesquisa de Tecnologia Bancária 2023 na íntegra? Confira abaixo o PDF:
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