Em entrevista, o diretor de Novos Negócios da Sinqia, Odilon Costa, comenta as mudanças trazidas pelo Novo Marco Cambial e cita os diferenciais do CaaS, produto recém-lançado pela Sinqia
Diretor de Novos Negócios da Sinqia, Odilon Costa é formado em Administração de Empresas pela FASP e conta com diversos cursos de especialização em tecnologia da informação, programação e análise de sistemas.
Professor e palestrante, o executivo foi sócio fundador da empresa Tree Solution, adquirida em 2020 pela Sinqia. Na empresa Datapro, ademais de sócio, foi responsável pela venda e implantação de todas as agências internacionais do Banco Bradesco no exterior (Nova York, Luxemburgo, Cayman e Nassau), assim como do Banco do Brasil em Nova York, conhecido como Brazilian American Merchant Bank (BAMB).
Em entrevista para o blog da Sinqia, Odilon comenta as principais mudanças trazidas pelo Novo Marco Legal do Câmbio e cita os diferenciais do CaaS (Cambio as a Service), produto recém-lançado pela Sinqia e que busca ser a solução definitiva para as instituições operarem nesse mercado, com a facilidade de integração aos parceiros das operações.
Quais são os principais ganhos do Novo Marco Cambial para o setor? O que essa nova legislação muda no status do Brasil no mercado de câmbio global?
O Brasil possuía uma legislação cambial que estava em vigor há mais de 50 anos e era considerada antiquada, não acompanhando as mudanças do mercado global e da globalização. Por esse motivo, era necessário implementar uma nova regulamentação para modernizar o setor.
O aspecto mais importante desse marco regulatório foi a incorporação da inovação disruptiva digital. Embora tenhamos falado sobre esse tema desde os anos 1990, com o surgimento da primeira fintech do mundo, o PayPal, em 1998, foi somente a partir de 2008, com o amplo acesso a smartphones, computação móvel e internet banking, que a verdadeira transformação começou.
A pandemia também acelerou esse processo, uma vez que as pessoas não podiam sair de casa e precisavam utilizar seus smartphones para realizar transações bancárias em várias áreas, como crédito, conta corrente e pagamentos. No entanto, o setor cambial continuou enfrentando desafios significativos. Isso é compreensível, já que o Banco Central precisava priorizar a estabilidade econômica interna.
O novo marco cambial foi implementado para solucionar pequenos conflitos entre importadores, exportadores e usuários no processo de operações de câmbio. Ele veio para simplificar todos esses processos e elevar o setor cambial a um novo patamar.
Essa atualização regulatória era quase obrigatória devido à globalização e à abertura do mercado. Atualmente, é possível fazer compras internacionais por meio de gigantes do comércio eletrônico, o que cria diversas oportunidades. Anteriormente, o mercado cambial era arcaico, demorava cerca de 10 dias para o dinheiro ser creditado na conta e envolvia uma enorme burocracia.
Além disso, o mercado cambial estava altamente concentrado. Portanto, o Banco Central decidiu abrir esse mercado, seguindo uma tendência que já estava ocorrendo na Europa com o crescimento das fintechs. Essa abertura também ajudou a resolver alguns conflitos dos bancos tradicionais e levou ao surgimento de nichos de mercado. O setor passou a ser regulamentado, surgiu o conceito de Open Banking e essa tendência começou a se expandir para o mercado internacional. No Brasil, essas aberturas sempre foram realizadas com cuidado, e o país é considerado avançado nesse sentido em escala global.
De que forma a tecnologia é uma aliada nessa jornada?
Para nós da Sinqia, que somos especializados em tecnologia para o setor financeiro, foi uma grande oportunidade. Já tínhamos um projeto de modernização do câmbio baseado na tecnologia Web 2.0, ou seja, uma aplicação desenvolvida em Java que não dependia de servidores ou mainframes. Quando a Tree Solution, empresa da qual sou fundador, foi adquirida pela Sinqia, tive uma conversa com a diretoria para elevarmos o nível do serviço cambial, sugerindo uma migração da Web 2.0 para a Web 3.0.
Esse projeto teve início há nove meses, com o objetivo de oferecer o câmbio como serviço. Nossa prática comercial mudou e estamos oferecendo nossa solução por valor agregado. Estamos contribuindo para que mais empresas possam operar no mercado cambial, que é extremamente dinâmico. Novas instituições não financeiras estão descobrindo que podem atuar nesse setor.
Foi assim que criamos o CaaS (Câmbio como Serviço), que foi lançado na Febraban Tech 2023 e tem experimentado um crescimento surpreendente desde a sua criação.
O foco principal do CaaS então seriam as fintechs e instituições de pagamento?
Exatamente, embora haja muitas pessoas que acreditam que as fintechs estão fadadas a desaparecer e não são um bom negócio, minha opinião é completamente contrária, com base em dados. As fintechs ainda têm um vasto território a explorar, pois a tecnologia está passando por constantes mudanças. Atualmente, falamos muito sobre tokenização de ativos, inteligência artificial, blockchain, e tudo isso está transformando o mercado cambial e facilitando a vida daqueles que desejam fazer negócios no exterior. As fintechs continuam sendo extremamente ágeis na adaptação a essas mudanças. São empresas que assumem riscos e seguem em frente. Isso não vai mudar.
Portanto, na realidade, o CaaS surge para revolucionar o mercado, e os números são realmente impressionantes. No mundo, existem 32 mil fintechs, sendo 1.300 delas no Brasil. Além disso, estamos falando de 2,8 bilhões de pessoas sem acesso adequado a serviços bancários no mundo todo, e no Brasil são 84 milhões. Ou seja, são pessoas que utilizam o banco apenas para receber salário e não têm conhecimento sobre investimentos ou contas internacionais. As fintechs têm todo esse universo para explorar.
Os mercados estão aí, e os reguladores no Brasil estão respondendo de forma rápida. O Banco Central é ágil. Já estamos discutindo o Pix internacional, e o produto da Sinqia está acompanhando essa tendência.
Em relação aos desafios regulatórios, uma das principais dores do setor, de que forma o CaaS também auxilia nessa demanda?
O grande diferencial da Sinqia é ser uma solução completa. O câmbio é como um banco dentro de um banco, com diversas necessidades associadas a essa área: análise de crédito, risco, documentação cambial, conformidade com normas regulatórias, contabilidade ME, contas correntes ME, e por fim o próprio processo de pagamento.
Anteriormente, era necessário ter produtos separados para cada uma dessas áreas: contabilidade, regulamentação, pagamentos, entre outros. O diferencial da Sinqia é oferecer tudo isso em uma única solução.
Nós já possuíamos todos esses produtos individualmente, como o Pix, o SPB, Conta Corrente, o módulo contábil, o regulatório e o compliance. Portanto, a Sinqia é atualmente a única empresa no mercado que oferece módulos de câmbio integrados a todas essas funcionalidades.
No passado, as empresas que desejavam operar no mercado cambial se sentiam intimidadas e muitas vezes optavam por não operar no mercado brasileiro, devido aos custos e à logística impraticáveis. Hoje, a Sinqia cuida de todos esses aspectos. Essa é uma oportunidade enorme que beneficiará amplamente o mercado.