A oferta de soluções digitais inovadoras e acessíveis, promovida pelas fintechs, tem permitido a inclusão de uma parcela da população que, até então, estava à margem do sistema bancário tradicional.
Agora, essas pessoas podem interagir com contas digitais, cartões de crédito e débito, além de serviços de pagamento e investimentos. Tudo isso é cuidadosamente planejado com foco na experiência do usuário, desde uma navegação mais intuitiva até processos simplificados de abertura de conta e solicitação de cartões. Esse cuidado visa não apenas atrair novos usuários, mas também fidelizar a base de clientes já existente.
Esse movimento ajuda a explicar o crescimento expressivo de opções como o Pix e o uso de cartões no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS), no primeiro semestre de 2024, o volume de transações com cartões atingiu 22,1 bilhões, o maior já registrado em um semestre, representando um montante financeiro de R$ 2 trilhões. No mesmo período, o Banco Central registrou mais de 28 bilhões de transações via Pix, com um total de R$ 11 trilhões movimentados.
A expansão do setor está sendo impulsionada por fatores como a queda no índice de desemprego, que fechou o segundo trimestre de 2024 em 6,9%, o crescimento de 5,6% no setor de comércio e a tendência de redução da inadimplência no cartão de crédito, que alcançou 7,4% em julho de 2024, segundo dados do Banco Central.
Contudo, apesar desse cenário positivo, observamos um número significativo de Instituições de Pagamento (IPs) e Sociedades de Crédito Direto (SCDs) sendo colocadas à venda ou até solicitando o cancelamento de seus registros junto ao Banco Central. Isso ocorre após um período de grande procura por licenças.
Na minha opinião, esse movimento era esperado, resultado tanto da consolidação de players mais robustos financeiramente quanto de plataformas que oferecem experiências mais envolventes, seja pela inovação ou pelo modelo de negócios. Um fator crucial é a necessidade constante de revisão da proposta de valor e da monetização defendida por cada fintech.
Superapps como Mercado Livre, PicPay, iFood, Nubank, C6 Bank e Banco Inter são exemplos de empresas que vêm ampliando suas ofertas com novas integrações e parcerias, como contas internacionais, programas de fidelização, Pix por aproximação, carteiras digitais e a fusão do mundo físico com o digital. Esses movimentos são essenciais para garantir o retorno sobre o investimento.
Nesse cenário altamente competitivo, que exige contínuos investimentos em pesquisa e desenvolvimento de inovações, equilibrar essas inovações com o retorno financeiro se torna o maior desafio das fintechs e IPs. A sustentabilidade do modelo de negócios está no centro de todas as propostas.