O real digital está chegando! Saiba como funcionará a moeda digital brasileira, como ela mudará o mercado e como se difere das criptomoedas já existentes
O mercado financeiro passou por enormes mudanças nos últimos anos. A tecnologia impulsionou os bancos digitais, fez com que cheques e até o papel-moeda caíssem no desuso, deu força a criptomoedas e à tokenização de ativos. Em 2023, o setor deve dar mais um passo importante: a chegada do real digital, uma moeda digital regulamentada pelo Banco Central.
O real digital é uma CBDC (Central Banks Digital Currencies) e entra na lista de moedas digitais oficiais dos países – ou seja, aquelas regulamentadas pelos bancos centrais. China, Nigéria, Singapura, Suécia, Japão e Coreia do Sul são alguns dos países que já têm CBDCs ativas.
Confira, abaixo, tudo o que você precisa saber sobre o real digital.
Por que o real digital é diferente das criptomoedas?
Essa é uma dúvida comum. Se o real digital é uma moeda que só existe no ambiente digital, como é diferente das criptomoedas que já existem? O real digital é diferente justamente porque é regulamentado pelo Banco Central.
Enquanto as criptomoedas, a exemplo do Bitcoin e do Ethereum, não são regulamentadas por bancos oficiais e apresentam alta volatilidade (ou seja, elas valorizam e desvalorizam rapidamente), o real digital tem lastro no real e sempre valerá o mesmo que o real físico. Sua paridade é 1 para 1, ou seja, se uma pessoa, por exemplo, quiser emitir 10 reais digitais, ela precisará depositar R$ 10 e o Banco Central garante que os reais digitais emitidos não perderão valor.
Do ponto de vista de segurança, a moeda vem sendo desenvolvida em blockchain, o que agrega maior segurança por registrar as transações de maneira descentralizada.
“O real digital deve começar a chegar em 2023, mas é interessante destacar que o BRZ, o Brazilian Digital Token, já funcionou como um precursor dessa moeda”, comenta Marcelo Duarte, product manager da Sinqia. Trata-se de uma stablecoin (ou seja, uma criptomoeda estável) lastreada ao real, criada pela gestora suíço-brasileira Transfero Swiss em 2019.
No ano passado, o BRZ bateu recorde de volume de transações: foram R$ 5,7 bilhões. Ao Valor Investe, Safiri Felix, diretor de produtos e parcerias da Transfero, afirmou que esse crescimento mostra o interesse do mercado global pelas moedas digitais.
Qual a diferença entre o real digital e o dinheiro das contas digitais?
Atualmente, é comum encontrar pessoas que pouco usam o dinheiro físico – com tecnologias como o Pix e o uso de cartões de crédito e de débito, o papel-moeda não é mais tão necessário.
Por que, então, o real digital será diferente? A moeda não precisará necessariamente estar atrelada a um banco.
Um empregador, por exemplo, deposita o salário do funcionário diretamente em sua conta. É também preciso ter conta em um banco ou instituição financeira para utilizar cartões ou até fazer Pix – todas essas transações precisam ter uma “autenticação” bancária.
Com o real digital, as pessoas poderão simplesmente ter carteiras digitais, as e-wallets, que serão responsáveis por transacionar o real digital, sem precisar da participação de um banco.
Bastará ter um celular conectado à internet para realizar transferências de real digital – isso abre a possibilidade de pessoas desbancarizadas participarem, de alguma forma, do sistema financeiro.
O mercado se prepara para receber o real digital
Além de facilitar a inclusão de pessoas ao mercado, o real digital também abre outras possibilidades. Uma delas é a maior facilidade de operações de câmbio entre o real e outras moedas digitais.
“O novo marco regulatório no mercado de câmbio é uma medida que prepara o caminho para o real digital”, afirma Duarte. “Hoje em dia, uma pessoa física não pode ter, no Brasil, conta corrente multimoeda, como em real e em dólar. Agora, o Banco Central permitirá isso: será possível ter, na mesma conta, real, dólar, criptomoedas… vai ser realmente uma e-wallet”.
A expectativa é que a moeda digital também ofereça mais agilidade e faça com que processos fiquem menos burocráticos. Um exemplo é a transferência e registro de veículos usados. Atualmente, há um hiato entre o recebimento do valor e o registro do bem em nome do comprador.
O novo sistema unifica duas transações de modo simultâneo: o registro só é efetuado se houver pagamento, e o pagamento só é realizado se o registro for transferido. A mesma lógica poderia ser seguida na negociação de outros bens, como imóveis.
Duarte destaca que, desde meados de 2018, o mercado financeiro vem se preparando para a chegada das moedas digitais. “Foi preciso lançar uma série de medidas menores para preparar o setor para a tokenização de ativos e para as moedas digitais. O real digital é mais um passo para chegarmos à Web 3.0 e às finanças descentralizadas”.
Sinqia oferecerá consultoria a empresas que pretendem operar com real digital
A expectativa do mercado é que o real digital seja utilizado por boa parcela da população, a julgar pelo sucesso de outras inovações, como o Pix.
Para atender a essa demanda, os bancos e instituições financeiras devem estar preparados para operacionalizar a moeda digital nacional.
O time de consultores da Sinqia está preparado para apoiar na estruturação e operacionalização do real digital. Fale com nossos consultores!