Jeff Lawson, no livro Ask Your Developer (“Pergunte ao Desenvolvedor”), propôs uma ideia provocadora: para prosperar na era digital, precisamos pensar como uma “pessoa de software”. O segredo disso está em sempre se perguntar: “Como o software poderia resolver esse problema?”. Com isso na cabeça entendi que o que precisamos hoje é adotar a mentalidade de uma “pessoa de IA”! Vem comigo que eu te explico essa viagem da minha cabeça.
Antes de continuarmos é importante explicar só uma “coisinha”: pensar como uma pessoa de IA não significa se tornar um especialista técnico ou aprender a programar modelos complexos, estatística, redes neurais e etc. Trata-se de uma mudança da forma de pensar. É olhar pro cotidiano e pensar, como a IA pode me ajudar? Seja em decisões estratégicas no trabalho ou em como enfrentamos desafios pessoais ou sociais. Assim como o software já transformou o mundo, a IA é a nova ferramenta que devemos aprender a usar para aumentar a nossa capacidade de resolver problemas.
No meu artigo “Você tem medo da IA Generativa?”, explorei como a chegada de ferramentas de IA pode gerar receios e incertezas. Lembra? Mas, na prática, o impacto da IA vai além de medos ou fascínios: é sobre o que podemos construir com ela. Essa mudança só é possível quando entendemos o papel transformador que a IA desempenha.
Como pensar como uma pessoa de IA?
É claro que não é só você olhar para as coisas e ficar se perguntando. Essa transição envolve algumas características fundamentais. Como:
1. Observar com curiosidade e dados
Uma pessoa de IA é orientada por perguntas que vão além do “por que”. Ela busca o “como” e o “o que pode ser melhorado com os dados disponíveis”. Não é sobre confiar cegamente na tecnologia, mas entender que as respostas podem estar em padrões que só a IA consegue identificar. Isso é muito importante de entender, DADOS são a base da IA, DADOS são o “conhecimento” por trás da IA, se pensar bem DADOS são a base da nossa inteligência também. Certo?
2. Automação inteligente, não simplesmente automação
Enquanto a mentalidade de software tem como foco a automação de tarefas, a mentalidade de IA vai além: é sobre automação com aprendizado. Pense em soluções que não apenas realizam ações, mas que também se adaptam com o tempo.
3. Colaboração humano-máquina
Não há substituição do humano pela IA, mas uma sinergia. Uma pessoa de IA entende que o poder está em fornecer contexto, criatividade e valores; enquanto a IA contribui com velocidade, escala e precisão.
4. Adaptabilidade em um mundo em mudança
A IA é fluida e em constante evolução. Lembram de como era o GT3? Pensar como uma pessoa de IA significa ter uma mentalidade de sempre aprender com a tecnologia e adaptar-se rapidamente a novos cenários.
5. Consciência ética e responsável
Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. Adotar uma mentalidade de IA requer pensar no impacto das soluções que criamos: estamos resolvendo problemas ou gerando novos desafios? Estamos respeitando os limites éticos da tecnologia? Ética é uma palavra muito forte e extremamente importante quando trabalhamos com IA.
A aplicação da mentalidade de IA não está restrita ao mundo corporativo ou técnico. Ela pode transformar nossa abordagem em diversas esferas:
- No trabalho: Automatizar processos repetitivos, utilizar chatbots para atendimento ao cliente, aplicar análises preditivas para tomada de decisão mais embasada ou criar agentes que ajudarão na eficiência dos times e por consequência da empresa.
- Na vida pessoal: Usar IA para organizar sua agenda, sugerir rotas de viagem mais eficientes ou até recomendar livros e músicas com base nos seus interesses.
- Na sociedade: Projetos como diagnósticos médicos assistidos por IA ou iniciativas para monitoramento ambiental são exemplos poderosos de como a mentalidade de IA pode transformar vidas. Nesse momento quero fazer uma provocação: Quantos projetos de IA (generativa ou não) que tem objetivo social de ajudar pessoas vulneráveis ou minorias vocês já viram recebendo grandes investimentos?
Principais desafios
Adotar a mentalidade de IA é desafiador por várias razões:
- Desinformação e resistência: Infelizmente muitos ainda veem a IA como uma ameaça, em vez de uma ferramenta. Precisamos quebrar rapidamente essa barreira e desmistificar a tecnologia levando o conhecimento para todas as pessoas independente de quaisquer características dessas pessoas.
- Educação e democratização da IA: Assim como aprendemos a pensar digitalmente, é necessário um esforço coletivo para que a alfabetização em IA chegue a mais pessoas, não só as que têm privilégios, mas TODAS AS PESSOAS.
- Ética e transparência: Lembram da palavra forte que citei anteriormente? Então pensem comigo: Como evitar vieses nos modelos de IA? Como você evita vieses? Como garantimos que a tecnologia seja usada de forma responsável e inclusiva? Como você garante que está sendo responsável e inclusivo?
Assim como aprender a pensar como uma pessoa de software foi necessário no início da era digital, aprender a pensar como uma pessoa de IA é fundamental na era da inteligência artificial. Essa mudança de mentalidade não acontece de forma instantânea, mas aos poucos, conforme experimentamos, testamos, erramos e aprendemos com a tecnologia. No entanto, o primeiro passo é adotar uma postura curiosa e proativa: como a IA pode resolver o próximo problema que você enfrenta?
E aí, já começou a pensar como uma pessoa de IA?