Os fatores ESG têm ocupado cada vez mais a agenda dos CEOs e outros líderes estratégicos ao redor do mundo, e consequentemente, também a agenda dos Conselhos de Administração. Segundo o Relatório Global de Riscos 2022 do World Economic Fórum, 5 dos 10 riscos mais severos mapeados para os próximos 10 anos são relacionados a fatores ambientais, extremamente relevante dentro da Agenda ESG de qualquer organização.
Diante desse cenário, é natural que passem a observar mais de perto os fatores ambientais, sociais e de governança das organizações, buscando entender e acompanhar a materialidade dos riscos associados a esses fatores, e cobrando posicionamento dos Conselhos de Administração. Desse modo, os líderes e executivos devem incluir os tópicos a seguir na agenda do Conselho de Administração para promover o engajamento dos conselheiros com a Agenda ESG da organização.
O primeiro passo é a diferenciação das agendas ESG e CSR (responsabilidade social corporativa). A agenda CSR faz parte da agenda ESG, mas não é só uma parte dela. De modo geral, as práticas CSR estão ligadas a iniciativas regulatórias ou de melhores práticas decorrentes de participação em códigos de autorregulação, mas a agenda ESG vai muito além disso, e envolve identificar e quantificar os impactos das medidas adotadas pelas empresas, incluí-las em metas tangíveis e se comprometer a melhorar esses indicadores ao longo do tempo. Clientes, funcionários, fornecedores, acionistas e demais envolvidos querem que o negócio cause impactos positivos no planeta e na sociedade, e o Conselho de Administração tem de se certificar de que a organização esteja fazendo isso da melhor forma possível.
O segundo passo é a inclusão dos fatores ESG no planejamento estratégico da organização. Munidos de dados e informações confiáveis, os conselheiros têm grande poder de advogar em nome de todos na gestão dos riscos relacionados aos fatores ESG. As discussões desses riscos no Conselho não devem se limitar a discussões rápidas, somente para constar na ata que o assunto foi apreciado. Ao contrário disso, os conselheiros devem se dedicar a entender a regulação, os riscos, as métricas e suas respectivas implicações no negócio, para tomar decisões estratégicas de forma inteligente e confiável.
O terceiro e último passo é a comunicação dos riscos materiais da organização de forma clara e confiável. A gestão dos riscos relacionados aos fatores ESG precisa estar no topo da lista de prioridades do Conselho de Administração, com os conselheiros atuando de forma ativa no acompanhamento desses riscos, certificando-se de que eles estejam corretamente mensurados e devidamente divulgados nos relatórios financeiros e de sustentabilidade da organização, disponibilizando-os de forma ampla e transparente.
Executivos e conselheiros devem estar alinhados na condução da agenda ESG das organizações, pois eles serão cada vez mais cobrados pelos envolvidos. A gestão estratégica dos riscos relacionados aos fatores ESG é uma grande oportunidade para os executivos e conselheiros ganharem a confiança, e os impactos positivos dessa agenda são essenciais para transformar o mundo num lugar melhor para todos.
Texto produzido por: Emerson Faria – Diretor de Relações com Investidores e ESG da Sinqia
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