Leo Monte é Diretor de Inovação da Sinqia e Managing Director do Torq. Em entrevista para o blog, ele comenta quais tecnologias devem continuar impactando o setor financeiro nos próximos anos e qual o papel do Corporate Venture Capital (CVC) e da inovação aberta nesse cenário.
Inclusive, ao abordar o crescimento do CVC no Brasil, Leo também destaca a importância dessas iniciativas para impulsionar a inovação no mercado financeiro, e como o Torq está colaborando com startups para catalisar essa transformação.
Por fim, Leo compartilha os planos do Torq para 2024, revelando uma visão ambiciosa para integrar ainda mais a inovação no setor financeiro e expandir seu alcance para além das fronteiras brasileiras. Confira:
Quais tecnologias emergentes você considera mais promissoras para transformar o setor financeiro nos próximos anos? Como a Sinqia está acompanhando essas tendências?
Não podemos deixar de mencionar a Inteligência Artificial (IA) e, ao analisar o mercado financeiro, percebemos que há amplo espaço para sua aplicação. Acredito também que ainda há muito a ser explorado em termos de hiper personalização dos serviços financeiros.
Vejo que com o uso da IA, estamos caminhando para uma maior personalização na forma como nos relacionamos com os serviços financeiros, aproveitando os dados e perfis dos usuários. Agora, com uma compreensão mais aprofundada de como aplicar a IA para isso, vejo que essa tendência pode se tornar muito forte.
Outra tendência que estamos acompanhando é a tokenização da economia. O projeto do Drex visa digitalizar a economia por meio de redes descentralizadas, o que contribuirá para a redução da burocracia e para uma maior transparência nas transações, seja através de moedas digitais ou para fins de investimento.
Essas são as grandes transformações que devemos testemunhar nos próximos anos no Brasil. Ao observar outros países da América Latina, percebemos que eles são muito promissores em relação ao mercado financeiro, mas ainda têm muito a crescer.
Agora, com a Evertec e o Torq, e com o apoio dos clientes, vemos que temos total capacidade de sermos um excelente exemplo de aceleração na inovação para a América Latina, levando nosso conhecimento adquirido com o Pix, o Open Finance e outras tecnologias, incluindo o uso da IA.
O panorama da modalidade de CVC está bem favorável. O que justifica esse crescimento ao longo dos anos e qual a importância dos programas de inovação aberta para o mercado financeiro?
O Brasil tem demonstrado nos últimos anos um aumento significativo na maturidade do ambiente de inovação. Anteriormente, a inovação era predominantemente necessária em determinadas indústrias, porém, gradualmente, essa mentalidade tem se expandido para outras áreas que antes não tinham o foco em pesquisa e desenvolvimento, nem a necessidade constante de se manterem atualizadas.
A indústria financeira brasileira sempre se destacou pela sua inovação intrínseca. O país sempre esteve na vanguarda em diversos aspectos, e nos últimos três anos, esse progresso foi impulsionado por regulamentações mais rigorosas, o que incentivou as empresas a se manterem atualizadas em relação à regulamentação e a entenderem os impactos dessa regulamentação em seus negócios.
O CVC, uma ferramenta que aloca recursos financeiros estrategicamente para acelerar a inteligência de mercado e os recursos tecnológicos, permite que as empresas acompanhem mais de perto as mudanças.
Ao combinar o CVC com a inovação aberta, não se trata apenas de acompanhar o investimento, mas sim de tê-lo integrado à própria empresa, colaborando em lacunas identificadas, explorando oportunidades para penetrar em novos mercados, criar novos produtos e fazer tudo isso em conjunto com as investidas.
Na minha opinião, nenhuma ferramenta é tão eficaz quanto o CVC em conjunto com a inovação aberta. Atualmente, o Pix de maior volumetria é o da Sinqia, resultado da validação realizada em colaboração com startups, em resposta às necessidades dos clientes. O mesmo acontece com o Drex, onde os impactos estão sendo mensurados e internalizados na empresa.
Como o Torq colabora com startups para impulsionar a inovação no setor financeiro? E qual a importância de iniciativas como essa para o mercado?
Nós observamos que há poucas iniciativas que realmente apoiam startups, e o Torq está se posicionando cada vez mais para assumir esse papel de protagonista.
Quando uma startup estabelece uma relação com uma grande empresa, ela busca não apenas capital, mas principalmente conhecimento, acesso à base de clientes e especialização de mercado.
No entanto, existe um grande desafio para as equipes de inovação dentro das corporações devido às suas prioridades e desafios. Portanto, é necessário conciliar, avançar e equalizar as expectativas com as startups.
Para viabilizar tudo isso, desenvolvemos o programa Innovation Partners, que concede acesso ao nosso portfólio, iniciativas e conteúdos, não se restringindo apenas à Sinqia. A forma que encontramos para continuar apoiando as startups e atendendo a um maior número delas foi envolver outras corporações dentro do nosso mesmo segmento e afinidade para explorar e oferecer suporte a essas startups.
Esse encontro do nosso ecossistema que construímos tem atraído cada vez mais parceiros. Há interesse por parte das corporações em se conectar com startups, assim como das startups em se conectar com corporações. Estabelecemos parcerias entre startups também.
Quais são os planos do Torq para 2024?
Nosso foco no Brasil é integrar cada vez mais o Torq com as unidades de negócio, visando causar impacto.
Observamos que os países da América Latina apresentam muitas oportunidades e um ambiente sedento por inovação, e nossa prioridade será estabelecer as alianças corretas, identificar os melhores projetos para ajudar a Evertec a acelerar suas iniciativas de inovação e obter resultados iniciais.
Nosso objetivo é acelerar os resultados dessa iniciativa e expandir o potencial do Torq para outros países.