Duas formas de pagamento instantâneo gratuitas e que recentemente estrearam no mercado brasileiro, mas quais são as diferenças?
Mais opções de pagamentos instantâneos aos consumidores: o Facebook iniciou seu serviço de transferência de dinheiro via aplicativo de mensagens WhatsApp neste ano, cerca de seis meses após o lançamento do sistema de pagamentos instantâneos Pix. Ambos prometem ser maneiras fáceis, imediatas e gratuitas (pelo menos quando se trata de transferência entre pessoas físicas) de se enviar e receber dinheiro.
E, com tantas similaridades, quais as diferenças entre as duas formas de pagamento? Talvez a principal diferença esteja na construção e concepção dos pagamentos. Isso porque no Pix, é necessário utilizar um terceiro aplicativo – o app do seu banco ou fintech favorito. Falamos em aplicativos, mas o Pix também pode ser utilizado pela web, no computador, por caixas eletrônicos, agências e correspondentes bancários como lotéricas.
Já no caso do WhatsApp, o sistema de pagamentos ainda não está disponível via Web – ou seja, o usuário precisa ter um smartphone. Além disso, o pagamento é feito pelo próprio aplicativo de mensagens, sem a necessidade de se acessar uma terceira plataforma.
Outra diferença fundamental é que o WhatsApp não tem acesso aos dados ou à conta dos clientes que o utilizam para pagar contas e transferir dinheiro. Isso ocorre porque o app funciona como um iniciador de pagamento, e os usuários precisam cadastrar os dados de um cartão de débito (Visa ou Mastercard) emitido pelas principais instituições financeiras parceiras do WhatsApp. Por enquanto, esse número é bem limitado, mas inclui instituições como Banco do Brasil, Banco Bradesco e Nubank. Importante mencionar, também, que os cartões aceitos no WhatsApp são: cartão de débito, um cartão múltiplo com função débito ou um cartão pré-pago.
No caso do Pix, o serviço, que foi lançado pelo Banco Central do Brasil, funciona como um tipo de TED, DOC, boleto bancário ou cartão de crédito. Mais de 750 instituições financeiras fornecem esse meio de pagamento como uma funcionalidade dentro de seus sites e aplicativos. Assim, a oferta para Pix é mais abrangente e, se por um lado exige que o cliente tenha conta em uma instituição parceira, por outro o número de instituições participantes é bem maior.
WhatsApp chega com enorme potencial
Não é à toa que o Facebook, empresa dona do WhatsApp, resolveu testar o seu serviço de pagamentos instantâneos pelo app primeiro no Brasil. Por aqui, são cerca de 120 milhões de usuários ativos mandando mensagens instantâneas. Segundo uma pesquisa da Panorama Mobile Time/Opinion Box de 2020, 99% dos celulares no Brasil têm o WhatsApp instalado. Mesmo com uma curva de aprendizagem, não é difícil imaginar que em breve o WhatsApp vai facilitar milhões de transações em reais no Brasil.
Uma “vantagem” que o WhatsApp definitivamente tem em relação ao Pix é que, mesmo as duas formas de pagamento sendo instantâneas, na prática, pode ser mais fácil mandar pequenos valores para amigos pelo app de mensagens. Isso porque com o Pix é preciso abrir um aplicativo do banco, digitar uma chave Pix que, às vezes, é longa como um CPF ou número de celular, e depois colocar o valor e fazer a transferência.
Com o Whatsapp, porém, usuários podem conversar pelo aplicativo, decidir um valor e já com poucos cliques (e confirmação biométrica ou por senha), fazer uma transferência.
Por outro lado, a grande vantagem do Pix é que é possível fazer transferências entre contas físicas e jurídicas. Ou seja, pelo Pix é possível fazer compras e pagar por serviços profissionais. Além disso, dá para pagar boletos, fazer transações mais altas e sem limites de quantidade diária. Assim, funciona perfeitamente para substituir transações via TED ou DOC.
De olho no futuro
Ambas as modalidades ainda têm muito a crescer no Brasil e no mundo. Para o WhatsApp, por exemplo, podemos esperar uma maior integração com outras instituições financeiras. Assim, clientes de outros bancos também vão poder usar o app para pagamentos. Além disso, é possível que no futuro a empresa ofereça a possibilidade de fazer pagamentos para CNPJ, possibilitando compras via app, e também pagamentos via WhatsApp Web, pelo computador.
No caso do Pix, o sistema faz parte de uma agenda muito maior do Banco Central – e talvez esse seja justamente o grande “trunfo” em relação ao WhatsApp. Desde seu lançamento, ele vem evoluindo e incorporando mais funcionalidades. Por exemplo, esse ano as instituições participantes puderam integrar as chaves Pix com listas de contato, facilitando a visualização de chaves cadastradas.
Ainda mais recentemente, no mês passado foi lançado o Pix Cobrança para pagamentos com vencimento. Uma espécie de boleto moderno, com cálculo automático de multa e juros ou descontos para pagamentos antecipados. Até o final de 2021, o Banco Central planeja ainda diversas novidades, inclusive conta salário na lista de contas movimentáveis por Pix, Pix aproximação, Pix sem acesso a internet e iniciadores de pagamentos no Pix.
Tudo isso pensando no contexto ainda maior de Open Banking e Open Finance no Brasil – trazendo possibilidades ainda mais avançadas de integração, personalização de serviços e compartilhamento de dados.
Com o WhatsApp Pay, o Facebook deu seu primeiro passo para entrar no mercado financeiro e não deve parar por aí: a gigante de tecnologia já planeja integrar cartões de crédito para realizar pagamento de compras diretamente pelo seu aplicativo. Mais que isso: com as mudanças e novas perspectivas que o Open Banking proporcionará ao Brasil, já é possível imaginar um cenário onde qualquer operação bancária seja feita dentro do WhatsApp – inclusive fazer um Pix, por exemplo.
Esse, de fato, é apenas o início de uma grande e promissora transformação no sistema financeiro brasileiro – e que está apenas começando.
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